Passou o Oscar, “Ford vs Ferrari” beliscou até bem mais prêmios do que eu esperava, entregando-me uma vontade de assistir ao filme (somado com uma ameaça da senhora dona desse blog). Então, enquanto um certo filme sobre carros de verdade, estrelado por Vin Diesel, não chega, vamos ver qual que é a da produção americana.
Não estamos falando, primeiramente, de um filme de corridas eletrizantes. “Ford vs Ferrari” é mais roteirizado pra servir como um drama bibliográfico no qual temos o backstage de quando a Ford foi até a Europa para arrumar seu lugar. Enquanto a Ford é mais ligada à produção (só lembrar do termo “fordismo”) temos do outro lado (pesando muitos cavalos de potência) a Ferrari, conhecida pelo seu jeitão glamouroso e o peso nas costas de inúmeras corridas.
O problema se encontra na queda de vendas da Ford. A solução? Participar de uma corrida, literalmente, de 24hrs, conhecida como “24hrs de Le Mans”. Vendo esse perigo a vista, a Ferrari resolve criar uma nova equipe de corrida liderada por Carrol Shelby (Matt Damon, nosso eterno Agente Bourne), um designer e engenheiro do ramo automotivo, quem vai servir de concorrente para Ken Miles (Christian Bale, o melhor Batman, desculpa), um veterano da segunda guerra mundial e motorista profissional.
Assisti o filme e no fim parece que realmente tinha “andado de carro”. Falo isso no sentido figurado, como se fosse a aceleração de um carro, temos um começo um pouco lento que vai crescendo numa marcha acelerada.
O roteiro apresenta todas as peças ao espectador, mas só mais para frente revela um plot sobre os fatos. Isso é bom, porque cada detalhe passa a se tornar importante, dando aos diálogos mais atenção. Por outro lado, o roteiro usa tal recurso de forma um pouco saturada, ficando repetitiva depois de um tempo.
Também temos um pouco da “síndrome shonem” (um personagem completamente desacreditado, mas que luta com toda a fibra moral para mostrar seu valor). O que não é ruim, funciona em muitos enredos, mas estamos falando de um drama. As formulas de cada personagem são muito simples para a trama. Por exemplo, Enzo Ferrari e Ford II ficam intercalando o papel de antagonista, pareciam ambos os personagens saídos de alguma revista em quadrinho. Sabe, aquele jeitão meio “vilão de caras e bocas” com objetivos pautados no ego ganancia e vaidade.
Aposto na teoria que o a forma cartunista de mostrar vilania seja para “defender” o posto de “protagonista do bem” para os americanos. Só parar para ver a forma como os italianos são retratados, “os vilões” apenas por também quererem ganhar a corrida. O filme é ruim então? Não, muito pelo contrário.
Confesso que fui assistir já subestimando a produção. Ford vs Ferrari, no fim, é sobre a boa e velha fibra moral de cada personagem em pôr suas vontades e sonhos frente as engrenagens do corporativismo. Feito com maestria pela atuação do Bale ao mostrar seu amor gigante por ser um piloto beirando a arrogância de ser um dos melhores com contraste em facetas de ser um ótimo pai, e um enérgico mecânico.
Junto do personagem do Damon, um cara honrado e bondoso, temos uma dupla muito boa de se assistir. A narrativa se preocupa em apresentar o espectador para todo esse mundo automobilístico. Por último ponto, temos as corridas. Nesse quesito, me senti literalmente em um carro. A equipe de produção se preocupou em capturar os sons de cada motor.
É incrível como dá para perceber as diferenças “de ronco” (sim, cada motor no filme faz um som), indo além e lidando com a perspectiva de distância auditiva dos barulhos durante as corridas. Sentir a tensão dos corredores, até mesmo os acidentes pareciam imersivos ao espectador. Merecidíssimo os prêmios para a equipe técnica.
Saldo positivo por aqui, pode ir ver o filme sem medo, recomendo para todo mundo, porque por mais que clichês sejam feitos, eles servem apenas como base para uma narrativa envolvente que possui aquele sentimento de um filme que enche o coração de alegria.
Eu sou o valente Asan, e a mim foi dada essa missão: Liberte-se!!!!
Zero vontade de ver kkkk Mas fiquei curiosa depois da resenha. Talvez não descarte a possibilidade