Esse filme americano acaba de estrear na Netflix e conta com grandes nomes, como Meryl Streep, Antonio Banderas e Gary Oldman. Embora a classificação do gênero seja drama, confesso que é difícil definir esse filme e os motivos vocês verão daqui pra frente.
Dirigido por Steven Soderbergh e baseado em fatos reais, A Lavanderia se diverte, de certa forma, com assuntos sérios, de forma irônica e contextualizada. A trama se inicia de maneira trágica, após Joe (James Cromwell), marido de Ellen Martin (Meryl Streep) morrer em um acidente de barco que mata mais 20 pessoas. Após se recuperar superficialmente do luto, a viúva entre com o pedido de indenização e é aí que a história realmente começa.
Após descobrir que não poderá receber a quantia que lhe é justa, ela entra em uma verdadeira guerra fria contra os proprietários do barco. Estes, por sua vez, descobrem que a seguradora que haviam contratado não existe mais. Entre o processo de “joga a culpa em um, joga a culpa em outro”, Ellen vai até o Panamá atrás dos verdadeiros responsáveis, não somente para ter o dinheiro da indenização, mas também para fazer justiça aos mortos no acidente.
Até aí, seria uma narrativa comum. Mas eis que temos Ramón Fonseca (Antonio Banderas) e Jürgen Mossack (Gary Oldman), dois advogados super poderosos quebrando a quarta parede (quando os personagens interagem diretamente com o público) expondo o fantástico, misterioso e sujo universo das empresas de fachada.
Com maestria e muito luxo, os dois vão ensinando para o público como funcionam os maiores esquemas de lavagem de dinheiro (daí o nome A Lavanderia) que envolve os Estados Unidos, Panamá e até o Brasil, como funcionam os países denominados “paraísos fiscais” e como tudo isso é feito de baixo do nosso nariz, prejudicando a maior parcela absoluta da população mundial.
Dividido em “capítulos”, os dois advogados explicam o sub-mundo das grandes empresas à vista da jornada de Ellen e de outras histórias avulsas contextualizadas. Talvez seja aí que o filme se perde (ou somos nós que ficamos perdidos?). Em meio a termos técnicos, somos apresentados a histórias de personagens que não têm papel definido na trama, além de exemplificar o termo “empresas offshore”, por exemplo.
Outra questão é: de quem é a história narrada? É a de Ellen ou dos dois advogados? Obviamente, ambas estão entrelaçadas, mas o foco tende mais a um do que a outro, o que é claramente percebido por quem assiste. O final também é surpreendente, uma vez que denota que a busca de Ellen não é mais pessoal.
O filme é muito inteligente e sarcástico, aproveitando o espaço para fazer críticas ácidas à economia global e à relatividade do politicamente correto. Meryl Streep brilha como sempre, mas timidamente dessa vez. Antonio Banderas e Gary Oldman cumprem muito bem seus papéis, dando charme à narrativa.
Com um cenário que transita entre grandes edifícios, paisagens paradisíacas e a realidade, A Lavanderia tem potencial para alfinetar grandes grupos empresariais, ao passo que nos distrai enquanto os mesmos grupos nos passam para trás.
É uma ótima recomendação para quem, despretensiosamente, quer saber como funcionam alguns dos esquemas mais poderosos do mundo e como a terra do Tio Sam é responsável, consentindo com tudo isso.
E aí, já assistiu? Ainda não? Ficou com vontade de ver? Deixe sua aqui nos comentários, porque vou amar saber sua opinião!
Que a força esteja com você.
Por Agnes Rufino.