When We All Fall Asleep, Where Do We Go? (2019) de Billie Eilish

When We All Fall Asleep, Where Do We Go? é o álbum de estreia da cantora-compositora Billie Eilish. O álbum foi lançado em 29 de Março de 2019 com o selo das gravadoras Darkroom e Interscope, mas as faixas foram gravadas em um estúdio caseiro de Finneas O’Connell (irmão da Billie) em Los Angeles.
Billie e o irmão, Finneas

A escolha de gravar num estúdio caseiro foi feita para redução de gastos e, também, por causa da possibilidade de trabalhar com mais intimidade e liberdade na produção, como também, no desenvolvimento do material, até porque seria preparar um álbum em casa junto de seu irmão. Tendo isso em vista, é importante afirmar que o álbum todo foi um trabalho de basicamente duas pessoas. Billie Eilish e seu irmão compuseram e produziram todas as músicas do álbum inteiro, incluindo o desenvolvimento da instrumentação e harmonização presente nas músicas. Isso é algo muito raro de se acontecer no mundo pop, pois álbuns de estúdios normalmente passam pelas mãos de dezenas de pessoas.

O álbum conta com 14 faixas:

1. !!!!!!!
2. Bad guy
3. Xanny
4. You should see me in a crown
5. All the good girls go to hell
6. Wish you were gay
7. When the party’s over
8. 8
9. My strange addiction
10. Bury a friend
11. Ilomilo
12. Listen before I go
13. I love you
14. Goodbye

Das 14 faixas, 6 se tornaram singles, ou seja ele foi e está sendo beeeem divulgado e trabalhado. O primeiro single, You Should See Me In A Crown, foi lançado em julho de 2018, seguido pelos lançamentos de When The Party’s Over em outubro, de Bury a Friend em janeiro de 2019 e de Wish You Were Gay em março. O quinto single, Bad Guy, foi lançado como single juntamente da estreia do álbum. Por último, até o momento, All The Good Girls Go To Hell foi escolhido para ser o sexto single em setembro.

Billie esperou que os materiais do seu álbum fizessem os ouvintes pensar “Meu Deus, que doido” ou “Meu Deus, que depressivo”. Acredito que essas duas sensações podem ser encontradas depois de ver esses vídeos acima, que foram os dois primeiros singles. Além disso, ela esperou que os ouvintes quisessem estar em um show somente ao ouvir as músicas.

Para a arte do álbum, assim como para a composição das músicas, a cantora se inspirou em pesadelos, em sonhos lúcidos e em filmes de terror, por isso podemos notar uma vibe dark ou meio halloween em praticamente todas as músicas, o que deixa o álbum bem coeso.

A voz de Billie no decorrer do álbum é clara e leve, muitas vezes surgindo como sussurros, como se ela estivesse cantando no seu ouvido, o que proporciona uma sensação de intimidade. Somando tudo isso com as harmonias vocais, é possível também se sentir (além amedrontado kkk) relaxado. Considerando o sussurro, algumas pessoas relacionam várias músicas com o ASMR.

A produção do álbum conta com muito uso de baixos, percussões minimalistas, momentos acústicos e foley (que é a captação de efeitos sonoros tipo de passos ou portas fechando, algo muito utilizado na produção de filmes e séries). O Foley pode ser encontrado no álbum, por exemplo, na música Bury A Friend que conta com o som daquele motorzinho que dentistas usam. Por causa disso, pode-se afirmar que o álbum tem vários momentos experimentais, que também podem ser escutados nas distorções de voz que acontecem em músicas como Xanny, ilomilo e 8. Esses momentos experimentais podem fazer as pessoas odiarem algumas músicas ou acharem ruim, mas devo afirmar que sempre que foram utilizadas com um conceitinho por trás. Por exemplo, Xanny contém distorções na voz para representar o efeito do uso de drogas.
Ok, podemos dizer que o álbum é experimental, mas qual o estilo dele? Ele é pop, considerando que vendeu muito e foi um sucesso no streaming, mas as músicas transitam por vários estilos como EDM, R&B/Trap e até mesmo o Jazz. Em várias músicas podemos ouvir melodias lindas, com uma produção meio “futurística” ou dark. A coesão no está no gênero musical, mas sim no estilo dark que acompanha as músicas. Há também músicas que parecem canções para dormir (com instrumental meio macabro), o que pode ser explicado pela inspiração de Billie Eilish em sonhos e em pesadelos.

Muitos dizem que ela é uma cantora indie, e a relacionam com Lana Dey Rey ou Lorde, mas o estilo de Billie em When We All Fall Asleep, Where Do We Go? se torna bem diferente, até cinemático, provavelmente porque ela conta histórias pelas letras e porque se utiliza do foley na instrumentação das músicas em alguns momentos. As histórias dessas músicas passam por temáticas como vício em drogas, corações partidos, distúrbios mentais e até mesmo suicídio. Apesar da vibe dark, a composição consegue, em diversos momentos, transitar entre o humor e o terror, misturando-os muito bem.

Por fim, é interessante ressaltar que Billie gravou esse álbum quando tinha 16 anos (agora ela tem 17) e conseguiu um #1 no chart da Billboard Hot 100 com a música Bad Guy, que chegou até a ter uma regravação com o Justin Bieber (que ela foi fãnzaça quando mais nova), mas o primeiro lugar no chart foi da versão sem o Bieber. Billie é a primeira artista (dentre homens e mulheres) nascida no século XXI (ou no novo milênio) a conseguir esse feitio.

A resenha de hoje chega ao fim, e deixo aqui a última música antes de Billie e eu irmos embora.

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *