Lápide

 

Aqui jaz um poeta
Que alegrou o mundo
Agraciou donzelas
Mas que, para o amor, ficou mudo

Tentou amar
Como se joga o corpo ao mar
De peito aberto

Só encontrou infortúnio
Pancada e usuras
Ficou morto na cama imunda
Se levantou da sombra solitária

Escreveu poemas ao vento
Lamentou os tormentos
Esbravejou sua ira
Esmurrou pai, mãe e tia

Mas só depois percebeu
Que para amar
Sofrer sempre iria
Mas desistir
Jamais deveria pensar

Levantou a cabeça
E meninamente
Correu de peito ardente
Acreditando que verá o amor
Ele passará no seu lado
Beijará o seu peito
Amaldiçoada e será curado

Mas, no fim, vai rir
Escrevendo versos simples
De um amor sem fim
Que estará escondido
No peito de quem menos se espera.

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