Minha cabeça

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Minha cabeça não pára:
Grita, esperneia, proclama
E espalha meu pranto difuso
Preenchendo-me a rosa dos ventos.
Um banho seria possível,
Um café, despreocupado
O resumo, a muito infindado
O livro na estante, a chamar.
E a minha cabeça não pára,
Mas eu, aflito, não movo
Meu corpo cansado do peso
Do mundo que projeto e desfaço.
A minha cabeça não pára
E a tua mensagem não chega
E o meu celular que não toca
E a minha existência não finda.
A minha cabeça não pára,
E eu não consigo sair,
Mas deixo aberta esta porta
Não quero prender-te a mim mesmo.
A minha cabeça não pára,
E talvez só precise repouso,
Uma noite de sono dormida,
Um poema bucólico,
Uma lagoa de Drummond,
Um mar infinito e azul.
E a minha cabeça não pára,
Esperando sinais que não chegam,
E talvez seja a hora de entender
Que talvez não existam sinais,
Que a obsolescência me chegou
E que eu só deva seguir a moda,
O moderno,
o vegano,
o reciclável.
E talvez, um remédio e uma linha vertical
E talvez, uma corda, ou um precipício
E talvez, mais um gole, e um poema
Pros meus carbonos se reorganizarem
E quem sabe, minha cabeça
um dia, finalmente,
Pare.

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