Apesar de já ter passado do vinte, eu adoro literatura juvenil. Nela encontramos um resquício da espontaneidade da infância e, geralmente, uma fantasia bem construída. Em A Pirâmide Vermelha, início da série sobre os Kanes, encontramos exatamente isso e conseguimos passar muitas horas agradáveis.
Na obra, conhecemos Carter e Sadie, irmãos muito engraçados, mas que infelizmente cresceram separados desde a morte da mãe deles. Carter foi o sortudo dos dois, pois vive com seu pai e viaja constantemente pelo mundo, adquirindo inúmeros conhecimentos. Já a Sadie vive com os avós em Londres e tem uma vida mais tranquila. Porém, tudo isso muda quando os irmãos são obrigados a trabalhar juntos e descobrem que os deuses egípcios estão mais vivos do que nunca, isso em pleno século XXI!
Eles serão jogados, mesmo que sem querer, em uma vida épica, digna de grandes heróis. Aliás, eles terão que virar heróis se quiserem salvar seu pai. Como aliados eles terão magos, um crocodilo – sim, você não leu errado – e um babuíno que adora jogar basquete. Porém, será que com esses aliados eles vencerão o mais maligno dos deuses antigos?
Eu já conhecia o autor através da série Percy Jackson sobre a mitologia grega – série que, aliás, eu já li completa, só falta trazer as resenhas para vocês –, então já sabia um pouco o que esperar. Por um lado, o autor ainda conseguiu me surpreender com a forma de narração alternada em uma espécie de gravações de fitas. Porém, apesar da maestria que ele constrói os personagens, ainda senti falta da criatividade dos seus primeiros livros sobre a mitologia helênica. Algumas coisas nessa obra parecem repetições das anteriores.
Um ponto interessante, é que no livro os deuses mitológicos presentes no universo de Percy, são citados nessa trilogia, Riordan mais uma vez soube trabalhar bem com todo o conteúdo mitológico não desacreditando em nem um momento da existência do mundo de Percy ou dos Kane em suas sagas. O autor explora tão bem a mitologia egípcia que é impossível não entender todos os mitos e lendas apresentados na história.
Contudo, apesar dessas pequenas “repetições”, o autor conseguiu me ganhar com a narrativa ágil, apesar de bem detalhada com os personagens cativantes e, em especial, com a forma que ele soube trabalhar a mitologia egípcia. A cultura dos egípcios é simplesmente incrível e o autor soube transportar isso para as páginas com perfeição. Claro, ganhou mais um ponto comigo por divertir ao mesmo tempo em que educa.
Eu já tinha ido ao British Museum antes. Na verdade, já tinha estado em mais museus do que gostaria de admitir. Isso me faz parecer um nerd completo.
[Essa é Sadie ao fundo, gritando que eu sou um nerd completo. Obrigado, irmã.].
A cada dois capítulos, Sadie e Carter revezam a narração, o que eu achei muito bom para nos fazer entender a personalidade dos dois. Carter é deslocado, não consegue se socializar muito bem devido ao pouco contato que teve com pessoas da sua idade enquanto viajava. Ele é racional e sério, o que entra em total contraste com Sadie, que é sarcástica, descolada, usa coturnos e está sempre com fones de ouvido. O que é claro resultou em muitas brigas (e eu adoro brigas entre os principais). Os dois foram muito bem construídos e não contradisseram suas personalidades em momento algum.
Quanto à parte física, o livro não deixa a desejar também. A capa é bonita e chamativa, expressando bem o espírito da obra. Além disso, a diagramação é muito boa, com letras e espaçamento grandes, deixando a leitura ainda mais agradável. Não obstante, a revisão está excelente, algo comum nas obras da Intrínseca.
Amós franziu a testa e olhou para o Empire States.
– Manhattan tem outros problemas. Outros deuses. É melhor mantermos tudo separado.
Desta forma, só me resta indicar o livro. Se você está procurando um juvenil de qualidade, essa é a sua obra. Você não vai se arrepender!