A Princesa de Gelo (2003) de Camilla Läckberg

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Isprinsessan, no original, foi publicado pela primeira vez em 2003, ganhando sua versão brasileira sete anos depois. Antes, um presente de Natal em forma de curso de escrita criativa, dado pelo marido e pelo pai, mudou os rumos da vida de Camilla Läckberg. A então economista veria seu nome figurar como a autora sueca do ano de 2004. Não demorou muito para ganhar títulos como “A Agatha Christie da Suécia” ou “A nova rainha do crime”.

A história nos apresenta Erika Falk que retorna a sua cidade natal, após a morte dos pais. A biógrafa também acompanha outro acontecimento trágico: a morte de Alexandra, com quem há anos não tinha contato. Mexida, decide investigar com a ajuda do detetive Patrik Hedström, as circunstâncias estranhas da vida da melhor amiga, fazendo com que segredos (pesados) dos habitantes locais venham à tona.

A história começa lenta, bem lenta. Isso pode afastar quem espera ação e acontecimentos de tirar o fôlego de primeira. Apesar disso, a imersão é quase que imediata. A descrição é rica em detalhes, mas nada cansativa. Junto da protagonista, que está redescobrindo o lugar após muito tempo, vamos nos ambientando na gelada Fjällbacka e nos eventos que cercam uma morte misteriosa.

Läckberg tem um domínio sobre duas faces do que escreve. Ao mesmo tempo em que nos instiga com o mistério, com as cenas na delegacia e de investigação, trata de relações familiares. Consegue emocionar, fazer rir, desenvolver personagens palpáveis em poucos parágrafos, sem perder o fio condutor do suspense e do mistério, que segura a história desde o início.

É escrito, em sua maior parte, em terceira pessoa e é dividido por cenas que giram a trama entre personagens e ambientes diversos. Apesar da lentidão para ambientar o leitor, a história não parece cansativa por essa rotatividade. O núcleo é sempre desenvolvido quando outro está em pausa, fazendo com que o enredo não fique entediante. As tramas paralelas são super bem feitas e os personagens secundários poderiam ter histórias próprias.

Do meio para o fim, o ritmo de leitura se torna viciante. É quase impossível parar de ler. Quanto mais se está perto da verdade, mais autora faz com que os personagens pareçam desesperados para não revelar o que sabem. É corajoso fazer isso, pois em uma trama mal feita, demonstra preguiça do escritor em querer encher linguiça para a história ter um tamanho maior. Isso não acontece aqui, pois todos os motivos são bem explicados e a revelação final é coerente com tudo o que foi dito até então.

Para quem procura um bom mistério, personagens incríveis e revelações de explodir a mente, pode ler sem medo. “A Princesa de Gelo” é o início de uma maravilhosa série de livros (dez no total) em que Erika e Patrik narram tramas impactantes e surpreendentes.

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