Tem crise na poesia?
Só tenho louça na pia
Pratos vazios, sujos
Repletos de pecados mudos
Tem crise na poesia?
Só nela? Mas em toda sina
Na sina de menina
Nos homens de mente cativa
Tem crise na poesia?
Não sei, ela é sempre cheia de vida
Corre feito criança, sempre muito cativa
Repleta de amor, uma mulher muito sensitiva
Tem crise na poesia?
Não, mas sim, no poeta
Se enche de medo e se cega
Busca resposta no vício
No sofrer calado, no auto suplício
E morre quietinho no silêncio
Tem crise na poesia?
Sim! E nela haverá música
Um pouco de dança da burguesia
E no final vai voltar altiva
Com dentes cheios de crítica
E versos repletos de vida!