Não é dia dos namorados, nem algo do tipo – embora eu esteja completando alguns meses de namoro enquanto preparo essa resenha. Mas posso admitir que todo mundo gosta de falar de amor, concordam? Pois bem, a resenha de hoje está na nossa salvadora de quarentena, Netflix, e procura responder uma questão beeeeeem inspiradora: o amor é cego? (Míope? Tem astigmatismo?? Usa óculos? Parei). Okay, senta aí e prepara o coração que hoje vamos falar sobre o reality show “Love is Blind”.
Lançado no dia 13 de fevereiro deste ano, na véspera do Valentine’s day (o dia dos namorados lá nos States), o programa conta com a produção de Chris Coeli e é apresentado pelo casal Nick e Vanessa Lachey, que também possuem uma história de amor beeem pública.
O show conta com 30 participantes, homens e mulheres, que devem conversar a sós com um indivíduo do sexo oposto em cabines separadas por uma parede, que impede que estes consigam se ver. Apenas os participantes de mesmo gênero – que não vão se relacionar entre si (risos) – podem conversar livremente uns com os outros.
Não é surpresa que somente as conversas mais relevantes para a trama são expostas na produção, mas a regra é que todos os homens conversem, pelo menos uma vez, com cada mulher. Após a primeira conversa, estes decidem se flertam apenas com uma pessoa única, ou se aventuram entre um número maior até se decidirem e estarem prontos para o pedido de casamento.
Sim, vocês leram certo, apenas após – o HOMEM – pedir a mão da amada, os pombinhos podem ter a experiência física de olhos nos olhos e uns beijinhos rápidos. Basicamente, a pergunta da série permeia esta primeira parte do desafio que apenas se basea nas conversas. Não pode revelar nem um traço físico dos participantes, deve-se pedir alguém em matrimônio, e passar para as fases seguintes, desta vez, sem paredes.
Todo o processo de conversa e pedido dura 10 dias. Os casais formados são levados para um resort paradisíaco em Playa del Carmen, no México. O lugar, além de imenso, é banhado pelo Mar do Caribe, sendo o local perfeito para iniciar uma relação. Longe dos celulares, parentes e trabalho, os pombinhos podem conversar e ter relações físicas, se é que vocês me entendem. É quase uma lua de mel antecipada. Os casais também têm eventos em conjunto, onde podem conversar – e é um lugar perfeito para uma crise de ciúmes, também, mas eu não estou afirmando nada haha.
Após desfrutarem do paraíso mexicano, os participantes “se mudam” para o mesmo condomínio, localizado em Atlanta, onde passam por uma experiência mais “realista”. Já podem usar seus celulares, e estão, de certa forma, livres para simular a vida a dois. É nesse período que eles também são apresentados para a família, amigos e pets uns dos outros, provam as vestimentas e se preparam de forma mais concreta para a cerimônia, que ocorre 28 dias após o término da fase das cabines.
Por fim, o Grande Dia: o casamento! Nele os participantes responderão à pergunta-tema do show: “Is The Love Blind?” (“O amor é cego”?). Caso a resposta seja sim, e os noivos estejam dispostos com o matrimônio, o evento é consumado. Todavia, em qualquer momento da experiência, inclusive na “hora do sim”, o romance pode ser rompido e ex-casal pode voltar para casa.
Particularmente, nunca vi algo parecido com “Love is Blind”, embora outras produções tenham uma temática semelhante. Como todo reality show, as cenas são claramente tendenciosas, principalmente no que diz respeito às discussões e às relações entre o casais. Como todo reality, também, é muuuuuito fácil odiar algumas pessoas – no meu caso, uma. Odiava toda vez que ela aparecia – e se identificar com a história ou características de outras. Situações como a relação com a família e preconceitos são abordadas entre as conversas, o que soa interessante, à primeira vista.
Como críticas negativas, devo citar o próprio título do programa, que parece questionar se a aparência é essencial para o desenvolvimento de uma relação amorosa, mas coloca apenas participantes “padrões”, homens e mulheres que parecem não sair da academia com uma aparência de modelos. Difícil se descontentar com a aparência de alguém ali, mas acreditem, acontece.
Outra coisa estranha foi a rapidez com que tudo ali ocorre, visto que em dez dias (DEZ DIAS!!!!!!) as pessoas devem tomar uma decisão importantíssima. Caso tenha êxito nas próximas fases, provocará uma mudança mais que significativa na vida dos futuros cônjuges.
Como tudo tem um lado bom, posso ressaltar que a proposta da produção é interessantíssima, quase um trabalho científico. A experiência se inicia sem qualquer contato físico, e outros fatores, como família, tecnologia e trabalho vão sendo adicionados aos poucos, até o último episódio.
Realities também são um ótimo passatempo, devo admitir. Você pode até começar reclamando, mas chega um momento em que está lá, julgando a vida amorosa dos outros, reclamando das burradas e se emocionando com as histórias de vida.
Quanto à pergunta, se amor é cego ou não, nunca saberemos. Mas seus vizinhos, muito provavelmente enxergam e fazem o pior ao fofocarem. Então, muito cuidado para não virar o “Love is Blind” pessoal da vizinhança, hein? No mais, fiquem em casa e lembrem-se que, capaz ou não de se ver, o amor deve ser espalhado – virtualmente, por enquanto – por aí.
Até a próxima resenha,