Luna Nera (2020-) da Netflix

Você sabe quanto tempo durou a caça às bruxas na Europa? Não? Então, comece a anotar aí: foram inacreditáveis 5 séculos! Não, você não leu errado. Estamos mesmo falando de 500 anos! Para a eternidade pode parecer nada. Porém, em se tratando do nosso pequenino ponto azul, localizado na periferia da Via Láctea, seria a própria eternidade! Lembrando que, a histeria provocada, na maior parte por clérigos, teve seu início mais ou menos por volta do século XV, onde a expectativa de vida mal ultrapassava os 30 anos.
A coisa piora quando descobrimos que a história pouco documentou esse assunto, portanto, o número oficial de vítimas acusadas de bruxaria simplesmente não existe! Contudo, não é difícil concluir que foi muito mais do que sequer podemos imaginar…
À primeira vista, Luna Nera — tradução Lua Negra — pode passar a ideia de ser apenas mais do mesmo. É inegável que a trama apresenta situações clichês, tornando alguns momentos previsíveis, para dizer o mínimo. Tanto que, muitos expectadores não tardaram em julgar e condenar a série — perdoem o trocadilho!. Entretanto é preciso abrir a mente e enxergar as sutilezas por trás de cada cena, de cada diálogo. É aí que Luna Nera não só surpreende, mas a magia acontece!
Prometo conjurar, um feitiço anti-spoiler daqui para frente:
Basicamente, a série conta a estória da adolescente, Ade (Antonia Fotaras) que vive com o irmão menor e sua avó, uma simples curandeira. Elas são chamadas para realizar um parto difícil e infelizmente o bebê acaba morrendo.
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Sim, eu sei. É óbvio que uma “caça às bruxas” começa a se desenrolar, condenando a pobre família à toda má sorte de infortúnios e perseguições = 1ª situação clichê. No meio dessa confusão, que não vai acabar bem, Ade conhece Pietro (Giorgio Belli), que vem a ser ninguém menos que o filho do chefe dos “Andarilhos do Bem”, os caçadores de bruxas = 2ª situação clichê. Completando a tal previsibilidade, a qual muitos deram seu veredito impiedoso, digamos assim, ela encontra um grupo de feiticeiras que seriam, além da resistência, sua próxima família = 3ª situação clichê.
Aqui vai meu feitiço anti-spolier que fará você assistir a série, absolvendo-a de seu julgamento injusto. Misture uma pitada de olhar além do que vê, em situações tais como: Ade relembra quem é sua mãe, ela diz algo que vale até hoje para nós mulheres.

Eles nos levaram a crer que somos fracas, mas é justamente ao contrário!

Há uma “andarilha do bem”. Sim, uma mulher, entre os perseguidores e a conversa dela com uma das bruxas é outra revelação importante e uma boa sacada. Quando a vítima se torna o perseguidor… quantas vezes já vimos isso na vida real? Este é um convite a importantes reflexões sobre a nossa história. O que foi ser mulher depois que a sociedade virou patriarcal e porque, provavelmente, estejamos voltando a uma sociedade matriarcal. Adicione esta frase ao feitiço e vá além do perceptível:
“Se pararmos de queimar as bruxas, elas deixarão de existir.”
Se você estiver disposta(o) — note que escrevi ao contrário — vai entender o motivo desta ser a representante de todas as tramas sobre bruxas e porque, na minha opinião, está longe de ser uma série teen. Embora tenha todos os elementos para ser considerada assim.
No mais, impossível não se apaixonar pela trilha sonora. A mistura perfeita entre feminilidade e força. Esta é uma produção italiana impecável! Cenários, figurinos, fotografia… parece que estamos dentro da série!
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Para encerrar com chave de ouro: a equipe de produção praticamente é formada por mulheres. Então, creia, ao contrário dos homens, não gostamos de nada mastigado, capisci? Em tempo, as máscaras do baile, no último capítulo, confeccionadas com matéria prima da floresta é pura magia. Igualmente a mescla, na dose certa, de toques modernos a uma festa do século XVII.
Não se esqueçam, irmãs:

 

Todas nós temos uma força. Devemos apenas descobri-la. E não ter medo.

Blessed be!

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