Ninguém Sabe que Estou Aqui (2020) da Netflix

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Ninguém sabe que estou aqui (2020)

Primeiro filme chileno original da Netflix, “Nadie sabe que estoy aqui”, é um drama dirigido pelo cineasta Gaspar Antillo. O diretor premiado por esse trabalho ganhou melhor diretor no Festival de Tribeca em que marcaria a estreia do longa, o que não foi possível por conta da pandemia. Como protagonista, um rosto querido pelo público: Jorge Garcia. Filho de pai chileno e mãe cubana, ganhou fama internacional em 2004, quando interpretou Hurley na série “Lost”.

Esse é o tipo de filme em que quanto menos você souber, melhor para assistir. Memo é um homem simples, que vive praticamente isolado em um sítio, junto com o tio, onde trabalham e vivem uma vida pacata. Quem o vê tão calado, não imagina que ele quase se tornou uma estrela do mundo da música, mas que teve seus sonhos interrompidos já que, embora tivesse uma bela voz, não se encaixava nos padrões estéticos que definiam o astro juvenil por quem as garotas deveriam suspirar na época.

Assistir a história me causou sentimentos conflitantes e, por isso, essa resenha está sendo um pouco complicada de digitar (risos). Mas de antemão, é importante avisar: não é um filme que todo mundo vai gostar ou vai entender as metáforas dentro da própria estrutura. Essas mensagens no modo de fazer o filme é que me deixaram na dúvida se dava 5 ou 4 estrelas. É possível que frustre muita gente que esperava isso ou aquilo do longa.

Os primeiros dez minutos nos situam nos cenários e nos comportamentos de Memo. Um sujeito com muitas questões internas, um passado um tanto quanto traumático, que se refugia entre fantasias daquilo que sua vida poderia ter se tornado em contraste com sua realidade anônima e reclusa. A câmera, acompanha isso exaltando uma fotografia muito bonita, enquanto nos mostra o cotidiano do protagonista, acompanhada de bons efeitos especiais que rendem boas metáforas e são bem usados aqui.

Jorge Garcia consegue construir um personagem carismático sem dizer quase nada durante todo o filme. O silêncio de Memo é seu principal diálogo junto com as expressões sutis e a postura desconfiada/ acanhada de quem sofre por causa do passado, ainda que não queira que ninguém saiba disso.

Alguns pontos da jornada do personagem poderiam ser melhor explorados nos explicando certas atitudes tomadas por ele. Muito embora já tenham explicações subentendidas, em especial, nas cenas em que temos acesso à imaginação de Memo.

A trilha sonora é perfeita e a música título do filme, “Nobody Knows I’m Here” potencializa a história, ainda mais quando é interpretada no final. Aliás, parte desse final, é até bem expositivo. A outra é aberto a interpretações e pode, como disse no início, frustrar espectadores. Isso me faz pensar se, em algum momento, a estrutura do filme não seguiu exatamente a história do passado de Memo, nos dando esse sentimento de frustração que o protagonista sentiu, ainda tão jovem. Para alguns, o filme pode parecer que terminou antes da hora.

Por outro lado, ele seguiu sua proposta: ser introspectivo, sem tantas palavras e explicações, muito embora tenha um plot twist, que precisaria ser explicado de qualquer maneira. Após o “fim” da jornada de Memo, o objetivo dele já havia sido alcançado. Ele estava em paz com as coisas que carregou por anos, então não sei se o filme deveria continuar ou mostrar algo a partir disso. Concluo que, em algumas situações, o filme acertou em furar nossas expectativas, não entregando muito, mas, em outras específicas, poderia ter se desenvolvido mais.

Se você procura uma história sensível e emotiva (e ainda por cima com uma ótima trilha, rs), “Ninguém Sabe que Estou Aqui” consegue emocionar e surpreender, usando da linguagem visual e da música para falar de amor, sonhos e autoperdão.

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