Os Elefantes não esquecem (1972) de Agatha Christie

Considerada a Rainha do Crime, Agatha Christie escreveu com grande maestria, criando não só casos policiais impossíveis de serem resolvidos a nossos olhos. Além de explorar os sentimentos e vidas de seus personagens, deixando suas obras literárias não apenas fascinantes, mas clássicas e consagradas.

No livro Os Elefantes não Esquecem, temos esse mesmo resultado. Tendo sido publicado em 1972, considerado por uns como um livro com enredo previsível, por outros como mais um ótimo livro da Agatha. Pessoalmente considero sim, uma história um pouco previsível, porém, para os leitores ávidos de Agatha Christie, que já estão acostumados com seu tipo de escrita e desenvolvimento da história. Convenhamos, como diz Miss Marple (personagem que aparece em muitos livros da Agatha): “Muitas vezes a solução mais previsível é a mais correta, já que ninguém acredita nela por ser tão previsível”. Uma história que irá mexer com suas memórias, então, vamos aos fatos!
O livro começa com a famosa escritora de romances policiais, Ariadne Oliver, que é convidada para um almoço onde muitos outros autores estarão presente. A reunião tinha tudo para ser um tempo agradável, mas quando uma estranha mulher, a Sra. Burton-Cox lhe aborda com certas perguntas sobre um caso inexplicável que foi tido como duplo suicídio anos atrás, Ariadne recorre a seu amigo e detetive infalível, Hercule Poirot.
Após uma rápida conversa, fica acertado que os dois irão atrás de pessoas que estavam ligadas ao casal que morrera 12 anos atrás na beira de um penhasco com um revólver entre os dois, marcado com suas digitais. O caso fora solucionado como duplo suicídio, mas alguns diziam que era um pacto de morte e outros que fora um crime passional. As perguntas de Sra. Burton-Cox se relacionam ao fato, pois queria saber sobre os pais – o casal encontrado morto – da jovem que se casaria com seu filho.
Esse é o ponto que Christie dá início ao seu livro. Com poucos personagens, a autora desenvolve uma história fantástica, com poucos fatos, ela nos cativa na leitura para ficarmos sedentos pela resposta do crime. Na obra em questão, não existem muitas “pistas” sobre o assassino – ou assassinos – que executaram o crime, apenas vemos o desenrolar das cenas. Assim, por essa simplicidade, Agatha vai traçando a história até chegar a um final brilhante que só ela mesmo poderia ter feito.
Uma coisa que não gostei foi a ausência de “ação” na história. Por se tratar de um crime cometido há anos atrás, tudo o que temos é uma infinidade de capítulos apenas com entrevistas de pessoas relacionadas ao casal encontrado morto no penhasco. Mesmo que em certos momentos os personagens são confrontados por certas revelações, a obra fica meio vazia, e é preciso fazer um pouco mais de força para chegar até o final da leitura.
Aviso que a obra não é maçante, contudo, para alguns leitores exigentes, talvez não seja uma boa escolha mergulhar de cara na leitura, pois você pode encontrar o contrário do que procurava.

Os elefantes não esquecem … As pessoas, como os elefantes, são capazes de se lembrar de coisas ocorridas há muitos anos . É claro que isso não é uma regra, algumas se lembram mais do que outras.

Os personagens, como sempre, são bem construídos nas histórias da autora. No estilo dela, Agatha explora os sentimentos deles todos, ainda mais quando parece que ela nos transporta pelo tempo, 12 anos atrás, narrando certos fatos por entre diálogos dos entrevistados. Ficamos a par de tudo o que aconteceu, sempre vemos que a personalidade dos personagens estão entrelaçadas com certas coisas. Isso chega a ser meio difícil de dizer, mas a autora tem uma facilidade de descrever, não fisicamente seus personagens, como também, emocionalmente e mentalmente.
Ariadne Oliver, no começo do livro, é uma personagem que tem mais destaque, mas logo Hercule Poirot rouba a cena do meio para o final da história. No início da leitura até senti ausência do detetive, mas logo depois a autora deu uma virada na história e foi esquecendo aos poucos a Sra. Oliver. Não por completo, uma vez que a deixou um pouco de lado, retornando-a apenas em certas cenas que ela entrevistava algumas pessoas.
Outra personagem é a afilhada de Ariadne, Célia Ravenscroft, filha do casal encontrado morto no penhasco. Não a conhecemos por completo, porém, pelas descrições da autora em certas cenas do livro, sabemos que a personagem tem uma personalidade tranquila, mesmo sabendo da morte dos pais, não se deixou abalar inteira. Seu noivo, Desmond Burton-Cox, filho da megera Sra. Burton-Cox, é um pouco acanhado. Nas vezes que pediu ajuda a Poirot durante o livro, nós pudemos ver que quer o melhor para seu futuro casamento, além de amar bastante Célia.
O final para mim foi uma surpresa. Até o contrário do que eu cria que seria por mais que, em alguns pontos, eu tenha acertado. De algum modo, a autora consegue nos passar uma última mensagem, que só lendo, dará para entender.
Enfim, o livro foi bom para mim. Não encontrei uma história totalmente cativante logo de cara, apenas interessante a escrita de Christie que nunca perde o foco do objetivo do livro. Não foi um dos meus favoritos, por mais que recomende para aqueles que desejam uma leitura leve e, claro, queiram adentrar livros policiais.
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