Pela Floresta Negra – Parte I

Em uma época remota, havia uma aldeia escondida do mundo, encravada no meio de um vale, cercada pela sombria Floresta Negra. Abrigava antes da existência da própria aldeia, a peculiar taverna Vassoura da Bruxa.

Não se sabe o motivo da convivência pacífica entre os aldeões e os seres que frequentavam o local. Talvez o fato de já existirem antes dos moradores mundanos ou, quem sabe, tenham mesmo sido vencidos pelo cansaço, após séculos e séculos de lutas e gerações inteiras perdidas, na tentativa de expulsar aqueles seres.

O povoado agora, depois de tanto tempo, pouco se importava com a presença dos seres sobrenaturais, por isso referiam-se a eles pela simples descrição: a bruxa, dona da taverna; o cavaleiro escarlate que jamais retirava o elmo, porém sempre pronto para desembainhar sua poderosa espada e o estranho homem franzino que trajava farrapos. Entretanto seus verdadeiros nomes eram Agnes Mortem, Earl Rowley e Rudy, respectivamente. Diziam as más línguas que, em noite de lua cheia, Rudy se transformava em um monstruoso lobo branco, devorando o que cruzasse seu caminho.

Como se não bastasse, uma vez por mês, a taverna ainda recebia mais três visitantes não menos inusitados. A rainha das fadas, que vinha atrás dos feitiços de proteção da bruxa, sua parente distante por parte de mãe, o guerreiro elfo, antigo comparsa do cavaleiro escarlate e o velho druida, sacerdote conselheiro do reino celta.

O fato era que a convivência forçada entre moradores e seres estranhos fora acordada há muitos anos da seguinte forma: nenhum humano frequentava a taverna e nenhum ser entrava na aldeia. Embora parecesse um acordo simples, a localização do estabelecimento, praticamente no centro da aldeia, que crescera em volta, sabe-se lá por qual motivo; dificultava um pouco as coisas.

A bruxa, possuidora de grande e poderosa magia, logo tratou de conjurar um feitiço, permitindo que os frequentadores autorizados entrassem e saíssem sem serem vistos. Obviamente restrito apenas ao perímetro abrangendo a mística taverna.

Por outro lado, o alcaide da aldeia criou leis rígidas, evitando abelhudos indesejados ou sequer comentários sobre o que supostamente acontecia por lá. Poucos lamentáveis incidentes aconteceram no início da trégua, todos por parte dos normais. Mas nada que alguns enforcamentos não resolvessem!

E assim o tempo foi passando. Cada mundano e sobrenatural vivendo em seu canto, como se não existissem um para o outro.

Até que um dia o impensável aconteceu. Agnes varria a taverna como fazia todas as manhãs, antes da chegada dos visitantes. De repente algo a fez parar, ficando imóvel enquanto olhava para a porta. Rowley parou de lustrar sua espada, assim como Rudy parou de comer. Ambos olhavam para a bruxa ainda imóvel de frente para a entrada da taverna, mas antes que pudessem entender o que se passava, um soldado arrombou a porta com um chute. Outros dois homens traziam o capitão da guarda muito ferido para dentro do estabelecimento.

— Por favor, ajudem! — implorou um deles.

Apenas com o olhar, Agnes fez sinal para que Rowley e Rudy não avançassem sobre os mundanos. Aproximou-se dos quatro homens devagar com o coração aos pulos, tentando negar o que já sabia.

Mais uma vez o destino o trazia de volta para ela. As memórias inundavam sua mente… gradativamente a face tão jovial se fazia presente naquele mar de pensamentos.

— Levem-no para os fundos, agora!

Rowley se aproximou dela, Rudy veio logo atrás, limpando o canto da boca suja de comida. Ambos a acompanharam e aproveitaram para começar o interrogatório:

— É inaceitável quebrarem as regras! Se fossemos nós, sobrenaturais, teríamos sido mortos — bradou o cavaleiro, com o olhar fixo no capitão.

— Você acha que se tivéssemos para onde ir teríamos vindo aqui? — disse de forma áspera um dos soldados.

— Pois então partam antes que as coisas piorem — respondeu Rowley entre os dentes.

— Acalme-se, amigo. — Tentou tranquilizar Agnes ao colocar a mão no ombro do cavaleiro.

O suspense que a bruxa criou fez o cavaleiro franzir o cenho.

— Então, o que têm para nos dizer? — perguntou Rudy aos soldados, desconfiado.

Ninguém respondeu, os homens mundanos estavam nervosos demais com o sangue do capitão pingando no chão de madeira. As armaduras metálicas estavam sujas de lama e também de vermelho, mas não tinha como saber se eram deles ou não.

— Vamos! Lá será melhor para falar — disse a bruxa antes de fechar a porta e indicar o caminho.

O pequeno cômodo localizado nos fundos da taverna estava repleto de barris de cerveja, garrafas de elixires coloridos, poções e feitiços, além de uma cama, destinada aos clientes místicos mais beberrões. O corpo do jovem capitão foi deitado, como era de estatura mediana, sobrou espaço na cama. A bruxa prendeu os cabelos longos e negros em uma trança antes de verificar os machucados do homem.

A ferida mais profunda era na lateral do tórax. Agnes rapidamente usou o punhal que estava em sua cintura para rasgar o tecido. Em seu lugar de trabalho, sabia com agilidade onde encontrar a água para limpar e a poção para cicatrizar. Os soldados a olhavam de longe exibindo uma mistura de medo e curiosidade. O mais novo deles aproveitou para contar o que tinha acontecido:

— Nós estávamos indo ao norte da Floresta Negra conforme a missão ordenada pelo rei. Devido à urgência, o próprio capitão Talbot comandava um grupo pequeno há semanas, cavalgávamos mesmo à noite, ainda que não fosse recomendado. — Gaguejou, nervoso, lembrando que estava entre seres sobrenaturais. — Ele disse que era algo importante, por isso, continuamos…

O cavaleiro escarlate trouxe a espada junto de si. Em segundos, ela já se encontrava a milímetros da garganta do soldado. Não houve tempo para ninguém reagir! Rowley estava furioso com a presença deles no local que chamava de lar.

— Basta! Não quero saber o que você ou o seu povo andam fazendo pelas redondezas. Nada justifica sua presença em nossa casa. Se vocês não querem contar o porquê deste capitão estar aqui, então, Agnes, explique o que está acontecendo. Sei que você está escondendo alguma coisa.

A bruxa se virou. Seu corpo tomou uma tonalidade esverdeada. A energia manifestada em si mesma envolveu a todos no ambiente.

— Cavaleiro escarlate, por favor, eu lhe peço… controle-se. Não me sinto nem um pouco a vontade em revelar a estória de Reeve Talbot, porém, o farei, uma vez que ele está desacordado e todos aqui pedem insistentemente por uma explicação. Será mais fácil lidar com essa situação colocando “as cartas na mesa”…  — Ela evitou chamá-lo pelo nome, ciente de seu desconforto na presença de mundanos. Enquanto falava, continuou a cuidar dos ferimentos do capitão. — Talbot é um leprechaun. Eu o ajudei há anos durante a formação da aldeia. Ele fugia da guerra do sul e implorou uma vida comum a mim, longe da vergonha que acreditava ao ser um de nós. Claro que transformá-lo em humano seria um preço alto demais, em vez disso, camuflei toda magia que existe nele.

Rowley abaixou a arma. Olhou para Agnes enquanto Rudy se aproximava com sua bengala, depois lhe disse:

— Muito bem. Como podemos ajudar?

Rowley bufou, no entanto ninguém se importou.

— Obrigada, amigo. — assentiu antes de listar o que precisavam. — Primeiro, os soldados precisam nos contar sobre a missão dada pelo rei. Preciso saber de todos os detalhes antes de conjurar um cura.

—  Uma criatura antiga… — continuou o soldado mais novo, visivelmente catatônico ao lembrar-se dos fatos ocorridos em uma nuvem de memórias recentes. — O nome nos foi preservado, mas a história contada foi a do primeiro dos humanis a fugir da Sombra do Vulcão de Thief, Aramyr,  se remete ao norte da Floresta Negra e a existência de uma criatura tão antiga quanto essas terras. Tão mágica quanto o Plano Arcano e tão misteriosa quanto os dragões. Existe o poder para julgar os corações e devorar aqueles corrompidos, poupando os bondosos para uma próxima vida. Todas as almas que não sucumbirem à Sombra são entregues à ela. Nosso capitão afirmou no início que queria partir só, entretanto nossa lealdade jamais permitiria algo dessa natureza. Passamos dias e noites viajando sem parar até que os deuses tentaram  nos impedir. Um anjo, de repente, interrompeu o caminho, dizendo que apenas nos daria passagem se soubesse do motivo de estarmos ali. Quando o capitão tentou explicar, o ser angélico não ficou convencido e o golpeou o suficiente para deixá-lo assim.

O soldado virou a cabeça envergonhado.

— Fomos tomados por uma força celestial que nos encantou e não pudemos ajudar. O capitão clamou o nome dessa taverna enquanto murmurava em delírios. Não tivemos outra escolha, se não obedecê-lo.

Parecia inseguro, mas recebeu suporte de outro dos seus, quando outro soldado completou:

— Agnes… ele chamava por Agnes.

A bruxa ficou em silêncio. O capitão nunca soubera seu nome verdadeiro. Como descobrira? Poucos verdadeiramente a conheciam, fora um cuidado de anos para evitar que se espalhasse na aldeia. Agnes era muito mais do que a bruxa dona da taverna, era seu passado inteiro em uma só palavra.

Ela precisava salvar aquele homem! Então começou a correr e dar ordens para fechar os ferimentos do capitão com uma linha. Costurar a pele foi a alternativa mais apropriada do que esperar o tempo para o poção fazer efeito. Leprechauns tinham um corpo diferente dos que a bruxa estava acostumada a lidar, eram seres mágicos bem raros. A literatura disponível era escassa, por isso, sabia muito pouco sobre sua anatomia.

Até mesmo os soldados aceitaram suas instruções para ajudar na preservação da vida do capitão, independentemente do que tinham descoberto, não esqueceriam a lealdade ao estimado oficial.  Assim que terminaram, Talbot foi cuidadosamente posicionado em uma mesa onde Agnes poderia enxergar melhor, aproveitando a luminosidade de velas recém espalhadas pelo cômodo. Com várias ervas prontas para a conjuração do feitiço de cura após costurá-lo, a bruxa olhou para todos e falou:

— Quero ficar a sós com ele.

Sua voz transmitia tranquilidade e firmeza. Todos deixaram o local, ainda que Rowley não gostasse da ideia. Ela passou o dorso da mão na testa suada e respirou fundo. Por um breve momento, ponderou se deveria realmente fazer aquilo.

Apesar do silêncio ao redor da bruxa, sua cabeça era um turbilhão de pensamentos, sons e lembranças. Apenas duas coisas estavam bem claras: a vontade de ajudar um antigo amor e o ódio por simplesmente não conseguir deixá-lo ir.

Capitão… era estranho ouvir os humanos chamá-lo assim, como se ele não existisse há tantos anos quanto ela, como se o homem ferido à sua frente não tivesse visto aldeias inteiras nascerem e serem derrubadas.

Quanto tempo fazia desde o dia em que Talbot cruzara seu caminho e implorara por sua ajuda? Mil anos? Era fim de tarde, disso lembrava muito bem. Também não esquecera a tristeza de vê-lo infeliz com que o que mais amava nele. Agora o homem que estava em sua taverna não era o mesmo por quem se apaixonou. Todos esse anos de solidão fizeram Agnes uma nova mulher, assim como fizeram Talbot um capitão.

A bruxa podia sentir a magia se esvaindo da cada célula do corpo de seu amado. A magia que flui em cada partícula das criaturas fantásticas, parecia enfraquecida como jamais vista antes. Precisava de sangue de unicórnio, tão raro quanto os quadrúpedes mágicos de um chifre.

Foi até o depósito de poções mais uma vez e voltou com um frasco pequeno. O líquido vital que guardara para situações extremas, agora escorria pela boca de Talbot, cujo rosto, pálido, começava a corar quase de imediato, diminuindo o contraste com o cabelo ruivo dele.

Logo percebeu um grande arranhão no pescoço do capitão. As marcas pareciam garras, porem a bruxa, experiente, no tratamento de centenas de seres sobrenaturais, não conseguia identificar a besta responsável pelas chagas. Restava-lhe cuidar do hóspede e exigir as respostas depois. Estava convicta de que logo saberia o que aconteceu com Talbot, nem que para isso precisasse conjurar o pior dos espíritos.

Dias se passaram até que o capitão acordasse. Rowley tolerava cada vez menos ter que manter aquele que fingia ser mundano junto deles. Rudy, a contra gosto, ajudava na tarefa de banhá-lo para evitar piores desagrados, mesmo assim o desconforto de Agnes só aumentava.

Desde o primeiro momento, Rudy viu a importância que ela dava a vida ao capitão e como os soldados foram mandados para fora ainda na primeira noite, coube a eles cuidar de Talbot.

Enquanto a bruxa preparava as ervas para cicatrizar a ferida, como fazia três vezes ao dia, no tórax de Talbot agora estava uma longa cicatriz, em um súbito movimento, o capitão abriu os olhos, atordoado…

Agnes se assustou, mas logo correu para perto, evitando que ele se machucasse sem querer. Fitou os olhos verdes e amedrontados do capitão, que foram se acalmando ao cruzar com o seus:

— Quem é você? — disse Talbot, assustado e visivelmente dolorido ao tentar se levantar.

— Fique deitado! — Ela o impediu com a mão, empurrando-o delicadamente de volta a cama. Seu grito de dor fez com que Rudy e Rowley aparecessem na porta. — Ele está acordado, não foi nada.

Talbot olhou para os dois seres antes de encarar Agnes outra vez.

— Onde estou? Quem são vocês?

— Esse falso mundano não tem mesmo ideia de onde está! — protestou Rowley, irritado.

— Sou Agnes e você está em minha taverna Vassoura da Bruxa, no meio da Floresta Negra. Seus homens o trouxeram há alguns dias… você foi golpeado seriamente em uma missão — explicou.

Agitado, o capitão sentou e tocou o ferimento. Podia sentir a dimensão do corte fundo em sua pele e ficou assustado constatando que quase morrera.

— Consegue se lembrar de alguma coisa? — continuou.

Talbot ainda estava desorientado e Agnes logo percebeu que não conseguiria as informações que tanto almejava interrogando-o naquele momento. O trauma poderia ter sido grande o suficiente para causar a perda da memória.

— Tudo bem se você não conseguir. Posso melhor isso em alguns dias. Pode confiar em mim.

— E-Eu… não sei…

O problema na memória de Talbot parecia pior do que a bruxa imaginava. O mais estranho disso tudo era que ele não fora ferido na cabeça. Haveria chagas internas? Ainda assim, o sangue de unicórnio seria o suficiente para curar esse tipo de ferimento.

Agnes não parava de pensar no passado. Ali estava o grande amor que mexeu com a sua vida e se foi, agora mais uma vez, precisava de sua ajuda. Mesmo com tantos desencontros, ela nunca negaria auxílio a ele.

Examinando o corpo de Talbot novamente, enfim percebeu que os ferimentos do capitão tinham padrões semelhantes ao que ela vira séculos atrás.

— Isso só pode ter sido causado por um anjo!… — pensou alto, impressionada por ter descoberto também a possível fonte dos traumas daquela época. Mas por que os anjos o teriam machucado privando as memórias do acontecido?

Agnes estava agoniada. Há muito tentava descobrir a verdade por trás da estória de Talbot. Decidida, chamou urgentemente a fada, o elfo e o velho druida até a taverna. Rudy se transformou em lobo e entregou a mensagem na mesma noite, a bruxa possibilitou sua chegada em segurança durante a madrugada.

A fada, Titânia, adentrou a taverna exibindo um sorriso no rosto sendo igualmente recebida por Rowley. O elfo, Mitalar, não estava nada receptivo em notar a presença de um falso humano naquele local sagrado, assim como o druida, Nettelis, franzindo o cenho diante da situação.

A bruxa não perdeu tempo e foi logo expondo os fatos, questionando se alguém sabia de alguma coisa que estaria acontecendo na Floresta Negra. Por quais motivos o anjo queria proteger tal criatura antiga, se todos sabiam ser aquela a fonte do mal da Floresta Negra?

— É uma história interessante — disse Nettelis, mexendo distraidamente em seu cajado, enquanto anéis de fumaça saiam do cachimbo. — Você precisa do sangue do anjo para fazer Talbot voltar a lembrar, Agnes, mas não acredito que o anjo esteja disposto a dá-lo de bom grado. Lembra-se da lenda da criatura antiga, Sua Graça?

Não escondendo o deboche, a rainha das fadas suspirou, bateu os cílios e as asas algumas vezes, revirando os olhos e espanando o longo vestido de flores, como se não se importasse muito com o assunto.

A bruxa aguardou o relato de sua parenta, mas ao perceber que nada seria dito, gesticulou impaciente chamando a atenção dos seres mágicos.

— E então?! — Exigiu diretamente à Titânia.

Com um suspiro a fada assentiu.

— Bom, a criatura antiga é uma mulher. E o anjo… ele ERA o meu consorte. Acabou se apaixonando pela mundana e me implorou para transformá-lo em mais um dessa espécie, para que pudesse viver ao lado dela. Sendo essa “talzinha” mortal, morreria de qualquer forma e ele igualmente, então… resolvi “dar uma ajudazinha”.

— Ao invés de transformá-lo em humano, você resolveu fazê-lo pagar por ter se apaixonado por outra… pela eternidade? Me lembre de ser sempre seu amigo — falou Mitalar espantado.

— Ela não só transformou a humana na criatura antiga, como jogou uma maldição neles. A criatura se alimenta da vida dos seres — explicou Nettelis que balançava a cabeça de um lado para o outro, em desagrado. — Isso atrai todo o tipo de mal para a Floresta e drena a vida das plantações das aldeias. Por isso os humanos querem matar a criatura e o anjo não permite.

— Como resolvemos esse problema? — perguntou Agnes diretamente para o druida, enquanto lançava olhares ameaçadores para a prima que a ignorava e arrumava os cabelos em frente à um espelho.

— Quebrando a maldição, obviamente — respondeu Mitalar com um sorriso animado. A investida permitira que ele, o cavaleiro, o velho lobo e o druida voltassem aos seus anos de aventura. — Sem plantações, até nós, seres mágicos, somos afetados.

— Na verdade, por um lado, é mais simples do que parece  — cortou Nettelis provocador. — Basta ir até a toca da criatura, gritar três vezes o nome dela, durante uma noite de lua vermelha, e dizer que ela pode ser feliz com o anjo.

Agnes torceu o nariz e de jeito nenhum conseguia acreditar que, para quebrar o feitiço, bastaria algo tão sem sentido. A próxima lua de sangue seria dali dois dias.

— Tem certeza? — questionou Rudy, acostumado com as meias palavras do amigo druida.

— Bom, Vossa Majestade quem tem que fazer isso… esse é o lado complicado de se quebrar essa “simples maldição” — concluiu Nettelis.

Todos os olhares caíram sobre a fada.

— Minha resposta é tão simples quanto o ato… — respondeu irônica, ajeitando uma das milhares flores enfeitando seus cabelos dourados. — Não! Que eles assim permaneçam! Dois mil anos é pouco tempo quando se tem a eternidade pela frente.

— Titânia, deixe de ser mesquinha, o remorso vai te corroer! Certamente arrumaria outro consorte em um piscar de olhos. E além disso, você me deve. — Agnes a lembrou.

— Eu quero aquele anjo! — esperneou Titânia como uma boa menina mimada.

— Ei! Alto lá! Na guerra dos dragões, Agnes salvou sua vida duas vezes! Está mais do que na hora de retribuir — concordou Rowley balançando os ombros para cima e para baixo animado.

1 thought on “Pela Floresta Negra – Parte I”

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *