Realidade nua e crua.
Embora esta seja uma definição mais do que clichê, sem dúvida, representa a série brasileira lançada em 2019 pela Globo, “Segunda Chamada”, que inclusive já está com a próxima temporada confirmada.
Com um roteiro forte, realista, sem ser demasiado melodramático, ainda que o gênero seja o foco central da estória sob todos os ângulos; a atração acerta em cheio ao contar a luta insana de professores e alunos — jovens e adultos — que se desdobram para não só receber o ensino básico, no caso dos alunos mas, principalmente, em manter a escola sucateada, funcionando. Árdua missão dos professores; no limite das condições mínimas de infraestrutura.
A trama gira em torno dos 5 mestres — dentre eles o próprio diretor — responsáveis pelo ensino noturno. Detalhe que, sutilmente, confere uma atmosfera densa à estória, casando com o péssimo estado de conservação do colégio. Acompanhamos a batalha diária desta equipe, que acaba se envolvendo além dos portões da instituição, abraçando os dramas pessoais de cada aluno.
A partir daí, um universo de acontecimentos pessoais, sempre linkados à escola, se desenvolve, oferecendo importantes pontos de discussão social. Temas como situação política atual, velhice, desigualdade e abandono institucional são abordados imparcialmente e na medida certa, a cada impasse. Sempre colocando em jogo a continuação do estudo e do ensino.
Ninguém está livre das adversidades do destino e, como diz o ditado, parece que a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco!
Mesmo que, à primeira vista, “Segunda Chamada”, pareça apresentar o velho e cansado “cabo de guerra”, pobres X ricos; o toque de veracidade habilmente inserido em cada personagem, bem como nas situações vividas por eles; nos faz querer olhar de frente para essa dura realidade! Basta sair à rua. Não é difícil encontrar evidências em qualquer esquina!
Esse toque de veracidade aparece, justamente, no final de cada episódio, onde são apresentados depoimentos de cidadãos que enfrentaram problemas similares, referentes aos conflitos que acabaram de ser abordados na trama. E quem sabe, não são eles a fonte de inspiração para a criação da série?
Ainda que esta não seja propriamente uma estória de ação e aventura, não deixa de ser um convite à maior e mais real de todas as aventuras: viver! E para determinadas pessoas que matam “1 leão por dia” para poder fazer “algo simples”, como neste caso, estudar, tem que ser muito guerreiro para não desistir!