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Observei um hype enorme na comunidade de leitores quando a obra foi lançada este ano e, ao procurar sobre o livro, me apaixonei pela capa e sinopse. Me vi passando outras leituras na frente e me surpreendi com a beleza da história ao ponto de devorar o livro em dois dias.
?Reese Witherspoon adquiriu os direitos de
adaptação cinematográfica e vai produzir o filme com a Fox. ?
Ninguém quer viver na solidão. Estar cercado de pessoas que nos ama é um bálsamo, para que tenhamos em quem nos apoiar quando os dias forem maus. Mas precisamos mesmo disso?
Kya é a caçula de uma família pobre que vive nos pântanos da Carolina do Sul, lugar onde vivem os pobres, rejeitados e a “escória da sociedade”, sendo os padrões do povoado na década de 60. Vendo todos aqueles que amam indo embora. Sua família se esvaindo aos poucos até que ela de fato conheceu o que mais temia: a solidão.
Acostumada a estar sozinha desde os seis anos, Kya cria um elo com a natureza, ela conhece o brejo e o pântano como ninguém. Reclusa de todos, as pessoas a tratam, embora fosse para ser uma denominação agradável, “menina do brejo” se torna pejorativa, em que a exclui ainda mais.
A solidão ficou maior do que ela era capaz de aguentar. Desejava a voz, a presença, o toque de alguém, porém ainda mais desejava proteger seu coração. Os meses se tornaram mais ano. Depois outro.
Uma obra que emociona. Através das palavras, Delia Owens nos transporta a década de 50, como também, nos faz ver o quão o preconceito está enraizado na sociedade. Uma sociedade que julga, massacra uma criança ao em vez de cuidar e proteger é uma sociedade que olha apenas para o próprio umbigo.
Kya foi uma menina que foi abandonada quando criança, e ao se tornar mulher, ao não permitir que ninguém se aproximasse por medo das coisas se repetirem é palpável. O leitor sente suas angústias e sentimentos que foram de toda forma esmagados. Viver sozinha não foi uma opção, foi uma condição.
A vida a havia transformado numa especialista em esmagar sentimentos até que ficassem de um tamanho possível de guardar.
Além de todo o drama que o livro traz, há um crime para ser desvendado e as pistas apontam para Kya. Essa harmonia no enredo ajusta-se para que nos conectarmos mais à história.
O livro é narrado sob dois pontos de vista, algo fundamental para que tenhamos ideia a tudo que está acontecendo. Sutilmente a autora vai abordando diversos temas como, por exemplo, racismo. Pela história se iniciar na década de 50, infelizmente, as pessoas ainda eram racistas sem camuflagem alguma.
Com a natureza como cenário, ao ler “Um lugar bem longe daqui”, não há como não se sensibilizar com a história da Kya, a menina do brejo. A ela que foi negado o que mais precisava: amor. Os pássaros, o brejo, o pântano, a natureza se tornaram sua família. De maneira dolorosa, ela aprendeu que família não são aqueles que estão ligados apenas por um tipo sanguíneo, vai muito além. A vida nos encarrega de ensinar, e ensinou a Kya que, apoiar-se demais nos outros, deixa você desamparado.
Aliás, ontem a noite, ao terminar o último parágrafo com o rosto cheio de lágrimas, eu pensei no quanto ele nos ensina a ver além da aparência e independente da opinião alheia.
Esta obra está recomendadíssima para todos desejam conhecer uma mãe natureza que nos acolhe, um pântano que pode ser muito belo e rico, mas que nos lembra que as conexões humanas são extremamente importantes pois sem elas não nos sentimos plenos.
Vamos ser honestos, muitas vezes o amor não dá certo. Mas mesmo quando fracassa, conecta você aos outros, e no fim isso é tudo que você tem: conexões.