É realmente uma pena conhecer uma saga tão boa e tão pouco conhecida. Assim que comecei a ler a série Wereworld, fiquei apaixonada pelo universo criado pelo autor e logo soube que estava diante de uma leitura imperdível. Mas, apesar de o primeiro livro ser realmente muito bom, A Origem do Lobo (link aqui) era apenas uma introdução de algo muito maior que ainda estava por vir, e simplesmente não fazia ideia de como ainda podia ficar melhor. Mas então li A Fúria dos Leões e agora posso dizer com absoluta certeza que Wereworld é uma obra-prima da fantasia; e por isso, é minha solene obrigação, meu caro leitor, apresentá-la a você.
Para quem ainda não conhece o fantástico mundo do autor Curtis Jobling, no primeiro livro da saga, o jovem fazendeiro, Drew Ferran, descobriu ser o herdeiro legítimo do antigo rei da Westland. Em um mundo onde sangue nobre significa carregar o gene da transformação em algum animal – e consequentemente, o poder de invocá-lo quando preciso. Drew é o último descendente da linhagem dos lobos, os Werewolfs (lobisomens). Tendo derrotado o tirânico rei Leopold, da linhagem dos Werelions (leões), que governava os sete reinos com patas de ferro, Drew iniciou sua jornada rumo a assumir o trono do pai e se tornar o próximo governante.
Agora, em A Fúria dos Leões, tudo parece calmo nos sete reinos. Enquanto o Lobo busca aliados nos reinos vizinhos para que consiga assumir o trono em paz com o restante da Lyssia, os aliados do Leão que ainda não foram capturados e presos fogem das cidades para escapar das consequências de sua lealdade ao antigo rei. Leopold, junto aos poucos soldados que lhe restam, permanece cercado na masmorra de Highcliff, a capital; porém, ainda que derrotado, não parece que o velho Leão vai se render assim tão facilmente. Ainda assim, o Conselho Lupino, responsável por tomar as decisões importantes enquanto Drew não assume o trono, e formado pelos nobres mais leais que o jovem lobo possui – Duque Bergan, Conde Mikkel, o pirata Conde Vega, e o amigo fiel de Drew, Hector – estão certos de que a derrota final do Leão se aproxima e que em breve, Drew irá assumir o poder e restaurar a ordem e a paz em todos os sete reinos, assumindo o legado do Lobo e revolucionando a história de seu mundo.
Apesar de todas as expectativas, Drew não quer o poder. O garoto não sonha em revolucionar a história dos sete reinos, nem participar das decisões políticas, nem se tornar o próximo rei. O jovem lobo almeja apenas voltar para sua fazenda na Costa Gélida, cuidar dos seus animais e plantações, longe de todas as intrigas políticas que cercam a capital, Highcliff. Mas, de repente, sua amiga Gretchen é sequestrada pelo príncipe Lucas, filho do antigo rei deposto, e Drew vai fazer o que for preciso para resgatá-la, e é aí que o herdeiro do trono vê uma chance de fugir de suas responsabilidades. Mal sabe ele da ameaça que paira sobre os sete reinos – e o quanto isso irá afetar sua jornada.
Curtis Jobling demonstra mais uma vez que sabe exatamente o que está fazendo, conduzindo a história com maestria. Enquanto A Origem do Lobo introduziu os leitores no rico universo, A Fúria dos Leões estabelece a saga como possivelmente uma das melhores do gênero, com batalhas grandiosas, sequências de tirar o fôlego e um enredo arrebatador. É possível notar como cada cena é descrita de forma impecável, com detalhes ricos e memoráveis, personagens bem colocados, cenários fantásticos e cenas de ação tão bem escritas que fazem o leitor sentir como se estivesse presente em cada uma das batalhas.
A ambientação estilo medieval é muito bem feita, e a história segue com várias situações surpreendentes e reviravoltas de tirar o fôlego. As cenas de batalha são tão precisas quanto brutais, e muito sangue é derramado ao longo do livro, incluindo de personagens queridos. Os antigos personagens ganham mais destaque durante a trama, enquanto novos personagens são brilhantemente introduzidos, e é interessante observar como cada um deles tem sua importância ressaltada pelo autor, por mais rápida que seja sua aparição.
A evolução dos personagens é perceptível. Drew Ferran ainda permanece aquele clássico herói: valente, íntegro, sempre pronto a ajudar os amigos, mesmo que tenha que sacrificar o resto do mundo para salvá-los, mas nesse segundo volume da saga, o jovem Werewolf começa a perceber que esse seu caráter tem consequências. Seus atos imprudentes, mesmo que com boas intenções, geram consequências irremediáveis, pondo em xeque tudo o que o futuro governante e seus aliados tanto batalharam para alcançar. Hector, um dos melhores amigos de Drew, também tem uma evolução significativa. Agora um dos membros mais importantes do Conselho Lupino, o Boarlord (javali) se esforça ao máximo para deixar para trás o garoto assustado de pouco tempo antes, mas quando suas ações fogem de controle, as consequências para o garoto são devastadoras, rendendo uma subtrama surpreendente durante a história.
Mas é claro que uma boa história precisa de personagens femininas marcantes. Gretchen, a Werefox (raposa), passa por uns maus bocados durante o enredo, e é então que a garota começa a perceber que não pode mais ser a garotinha mimada que era em sua primeira aventura. Finalmente abraçando a raposa dentro de si, Gretchen tem que lutar com unhas e dentes para conseguir se libertar de seus captores, mas infelizmente, a personagem não tem muito tempo ao longo da trama, com tantos personagens a serem trabalhados ao mesmo tempo, mas espero que ela ganhe mais destaque nos próximos livros. O mesmo não pode ser dito de Whitley, a filha aventureira do duque Bergan, que nesse segundo livro ganha bastante tempo para evoluir e se tornar uma personagem crucial para o desenvolvimento da trama. Nada de donzela em perigo esperando para ser salva: as garotas em Wereworld aprendem a ser autossuficientes e lutar para alcançar seu espaço.
O principal vilão do primeiro livro, o rei Leopold, é deixado um pouco de lado nesse volume para a introdução de novos vilões, mas suas poucas aparições são bem marcantes. Dessa vez, quem ganha destaque é o príncipe Lucas e sua ascensão de herdeiro mimado do trono a um indivíduo inescrupuloso, que não mede esforços para conseguir o que almeja. Uma das melhores características de Wereworld são os vilões bem construídos, oponentes que não devem ser subestimados e nem podem ser derrotados facilmente.
Muito obrigada à editora Benvirá pelo livro sensacional! Capa, tradução e diagramação impecável! Com um final eletrizante e um gancho imperdível, A Fúria dos Leões é uma sequência que consegue superar o original já incrível e trazer uma história brilhante repleta de ação e aventura. Não deixe de conferir essa saga surpreendente e se aventurar pelos reinos dos Werelords, porque garanto que você, assim como eu, não irá se arrepender.