Hoje a resenha vai me doer um pouco no coração. Flash é uma série que me envolveu pelos mais diversos motivos: personagens engraçados, trama interessante, vilão marcante, referencias ótimas a cultura pop, profundidade em personagens… Mas por que “NÃO assistir” a série? A resposta é simples. Na verdade, a produção da CW estrelada pelo nosso conhecido Grant Gustin do Glee, de um dos heróis mais carismáticos da DC, tem 7 motivos para que você não a assista.
1 – Vilões
Dr. Harrison Wells é o melhor vilão. Na primeira temporada, somos apresentados ao Harry, um cadeirante diretor dos laboratórios STAR e logo somos envoltos em um cara de carisma enorme. Infelizmente aos poucos, pelo menos pro espectador, somos colocados de frente de um homem cheio de mistérios e dramas muito mais profundos. É isso. Cabo com ele a gama de vilões com profundidade.
Em todas as temporadas temos o plot sendo desenvolvido por uma disputa com algum vilão principal e vários outros “vilões menores”. Nem os grandes nem os pequenos parecem ser carismáticos ou importantes. Isso para não falar que até a terceira temporada os vilões principais são apenas copias do Barry Allen (caso você não saiba, é a identidade secreta do Flash). Na quarta e na quinta isso tem até uma mudada, aparecem vilões que trabalham mais estrategicamente, mas aí temos outro problema…
2 – Descaso com os personagens secundários
Na primeira temporada, somos apresentados a dois personagens do núcleo principal: Cisco Ramon e Caitlin Snow. Temos aqui os dois “gênios resolvem tudo”. Caitlin (Danielle Panabaker) é a responsável pelas soluções biológicas e químicas, é tímida, contida. Já Cisco (Carlos Valdez) é piadista, um nerd/geek que responde tudo com uma solução computacional ou tecnológica. São personagens tão bons e tão bem feitos que se apega a eles. Mas novamente, acaba aí.
O nosso casal de cientistas não recebe tratamento de profundidade. Na verdade, até tentam fazer isso dando poderes aos dois. Cait, a medida que a série vai passando, torna-se a sombria Nevasca enquanto Cisco vai se tornando Vibro, capaz de fazer muita coisa como abrir portais dimensionais e vibrar o ar (é bem mais que isso, mas não vamos entrar em explicações maiores). Essa é uma tentativa muito ruim de “dar mais importância” aos dois, é quase como dizer que para se tornar importância na série tu só tem três saídas. Um, tem que ter super poderes ou o personagem é jogado no limbo do esquecimento por alguns episódios até voltar e ser só preenchimento de tela; dois, tem que ser da família do Barry; três, e o mais terrível, o interesse amoroso do protagonista.
3 – Iris West
Iris West talvez fosse para ser o pilar de controle que falte no Barry. Ela é humana, sem poderes, mas que foi criada junto do nosso herói durante a infância e assim despertou nele um amor tímido. Ela tem uma ótima participação na primeira temporada tornando-se uma defensora pública do Flash em Star City. Mas chegam no ponto de realmente fazerem um casal, e a situação cai num limbo sem volta.
O casal Iris e Barry é a pior coisa possível na série. Os dois até funcionam separados, mas juntos são colocados quase que forçadamente para se relacionarem, deixando transparecer aquela falsa sensação de amor. É muito tenso explicar, iria recomendar para ver com os próprios olhos, mas melhor não, ou essa lista perde o sentido.
4 – Episódios desnecessários
Você cria uma narrativa. Temos começo, meio e fim. Fatos que vão alavancando a narrativa em cada ponto. Isso é perceptível na primeira temporada. Porém, no decorrer das outras, fica cada vez mais claro que existem episódios feitos exclusivamente para “preencher” espaço. São episódios feitos de qualquer forma com uma história genérica e que pro plot da temporada não atrelam nada. É um defeito que se aplica a todas as séries da CW que assisti. Infelizmente Arrow, Flash, Lendas do Amanhã e Supergirl passam pelo mesmo… No fim, fica o gostinho de “deveria ter pulado esse episódio”.
5 – Necessidade da reciclagem através dos buracos dimensionais
Calma. Aqui temos um ponto que me deu até um nó mental de tentar me lembrar. Flash é sobre um cara que recebeu um raio vindo de uma tempestade durante a explosão de um acelerador de partículas na cidade. Isso deu a ele super velocidade entre muitos outros poderes. Com isso, pode não só estar no trabalho na hora certa, mas também viajar no tempo e espaço (inserindo a noção de multiverso). É legal num ponto em que vemos Flashs de outras terras, como Jay Garrick (John Wesley Shipp, para quem não sabe foi o primeiro flash em uma série nos anos 90) ou a belíssima Jess Quick (Violett Beane), mas traz problemas como ter a necessidade de trazer vários “Drs. Harrison Wells”, ou a apresentação de Flashs vindos das infinitas terras, quando podiam só pegar os personagens já existentes e trabalhar neles…
6 – Wally West
Aqui quero dar enfoque para um personagem específico. Wally West (Keiynan Lonsdale) é irmão da Iris e também cai segundo problema se tornando o Flash por um tempo (longa história para explicar aqui, mas imagina que o Barry sumiu e o Wally assumiu o posto). Porém ele começa muito bem, assume o posto com dignidade e arrisco dizer até ser um Flash digno dos quadrinhos. Mas (como todos os outros personagens), se perde no que ele era pra ser. Não tem um avanço de personagem, tem um declínio. Aos poucos se torna uma sombra. O que faz dele especial para ter uma sessão só dele? É QUE ELE FUNCIONA! Como assim? Lendas do amanhã explica.
Em “Lendas do Amanhã” temos heróis viajando no tempo para resolver problemas (que eles mesmo fazem às vezes). Em uma temporada, temos a entrada do Wally para a equipe. E BUM! Temos outro personagem… Wally volta a ser divertido, a ser engraçado e evolui como personagem. Temos um herói que amadurece com os grandes poderes e as grandes responsabilidades, o que me faz pensar que o problema é na verdade da série Flash, e não do personagem.
7 – Barry Allen
Nosso protagonista também passa pelo filtro do item 2, mas por ser o protagonista isso é até pior… Para não parecer que só quero jorrar veneno para a série, nesse ponto quero retornar ao ponto: eu amava Flash. Ainda assisto, porque tenho fé que ela volte às raízes. Barry começou sendo o Flash dos quadrinhos. Um herói que sorri, que brinca, mas que chora quando lembra da mãe assassinada. E essa mescla de sentimentos impulsiona a primeira temporada para momentos únicos.
Barry tem super poderes, mas tem problemas de um humano comum com seus sentimentos. Não sabe ser frio, se apega a todos e sofre com perdas. Chega num momento em que começam a tensionar demais isso e o protagonista perde a sua essência se tornando um herói que reclama de tudo. Tem cenas genéricas, perde sua motivação… parece birra de fã, mas é. Repito, o Flash tem problemas, mas costuma encará-los com um sorriso, não da forma que vemos na série.
Eu sou o valente Asan, e essa não foi a lista mais rápida do mundo.
Conheça outros posts como esse sobre séries: Peaky Blinders, Grey’s Anatomy, The Handmaid’s Tale e Anne with an E.