A vida dessas produções é assim: não deu audiência (retorno), os produtores já dão fim. Porém, muitas das vezes as mesmas tem um bom roteiro, boas atuações, mas falta o peso de ter espectadores o suficiente para se manter. A bola da vez, já anunciada como cancelada, é Daybreak. Na resenha, trago o questionamento: será que realmente ela era ruim ou só faltou pessoas para assistir?
DayBreak é mais uma produção de dez episódios, que aposta numa mistura de zumbis com comédia. Estamos falando de um mundo onde uma guerra biológica aconteceu. Apenas os jovens de até 19 anos não morreram, os adultos estão transfigurados em criaturas irracionais, andam por aí e ficam falando o último pensamento que tiveram antes de se tornarem o que são agora.
Tudo isso é apresentado por Josh (Colin Ford, atuou em alguns episódios de “Supernatural” como uma versão mais nova do Sam), um canadense possuidor de perícias (coincidentemente aprendidas com seu pai), o ajudam a sobreviver a esse cenário. Muito mais, ele desfruta ao máximo a liberdade que os (roteiristas) seus dons dão a ele. O grande problema, como dito antes, é o mundo estar cheio de adolescentes inconsequentes dando margem para uma versão mais “teen” de um The Walking Dead.
Já deu pra perceber o porquê da série ter sido cancelada? Não? Então, vamos lá…
O gênero não é novo. Mortos-vivos já deram uma saturada na mídia (pelo menos ao meu ver, não aguento mais ver zumbi de plano de fundo para uma história maior). Usar eles de comédia é algo proposto por Zumbilândia, porém usado com mais maestria pelo filme.
A série aborda a proposta de forma muito concreta: você vê os diferentes grupos de adolescentes (nerds, esportistas, patricinhas, etc) ampliados numa escala que substitui os corredores de uma escola, para as ruas da cidade. Outro ponto bom, talvez o último, é a narração.
A quebra de quarta parede do narrador, frequentemente sendo o Josh, com adição intercalada da sua amiga Angelica (Alyvia Alyn Lind, que fez uma Amanda mais nova em “Revenge”) e de um outro personagem narra os feitos de Wesley (Austin Crute, “Gatunas”), uma dinâmica parecida a narração de “Curtindo a vida adoidado”, dando muito carisma aos personagens. Porém, os pontos bons acabam aqui.
O humor é fraco. Muitas piadas se apoiam em zombar dos clichês, e funciona, mas só em dois, no máximo três, episódios. Depois de um tempo fica previsível o uso de alguma piada. Daybreak ainda tem o grande erro de se embasar de mais em tentar usar referencias dos anos 80/90 para chamar o espectador.
Não só o filme protagonizado por Matthew Broderick (que por sinal, está na série como o diretor Michael Burr), mas para quem chegou a ver produções da época, consegue ver outras referências durante a série, como “Os Bons Companheiros” ou, até histórias mitológicas, Rei Arthur. Alguns mini plots, durante os episódios são só jogados na tela, ficando a impressão do roteiro só queria pôr eles ali por pressão dos acontecimentos cheios de buracos.
Por fim, mas não menos irritante, não podemos esquecer que isso é uma comédia adolescente. Ou seja, temos piadas toscas beirando as piadas de “não é mais um besteirol americano”. Talvez se eu assistisse ela uns 6 anos atrás, eu talvez achasse genial. Ha, vai, todo mundo já teve fases.
Eu arrisco dizer, mesmo com apenas 1 temporada, já cancelada, Daybreak possa vir a divertir uma galera mais nova, entre uns 15 até uns 19 (quem sabe uns 20) anos. Por mais que a classificação seja de 16, não é um filme causador de nenhum pesadelo. Na verdade, trata-se de uma comédia com exageros (veja o trailer o qual tem a espada de samurai presa ao dedo do meio).
Uma comédia não muito inteligente, mas estilo escrachada sem ofender ninguém. No fim, meu veredito é que faltou uma aposta em um roteiro melhor. Infelizmente, jaz aqui uma série com potencial de ser algo bom, entretanto, caiu no abismo do clichê e do desnecessário.
Eu sou o valente Asan, e amim foi dada essa missão: LIBERTE-SE!