Essa é a primeira série original Netflix produzida em Stop-Motion (mesma técnica utilizada nos filmes Coraline, A Fuga das Galinhas e Noiva Cadáver) em versão anime. Entre a equipe técnica temos Kaata Sakamoto, Taro Goto, Masao Chida, Hiroshi Chida, Masahido Kabayashi, com trilha sonora de Shigeru Kishida. O trabalho é fruto da parceria entre a Netflix e os estúdios San-X e Dwarf.
Rilakkuma e Kaoru apresenta a vida de Kaoru, uma mulher adulta que tem por companhia dois ursos, Rilakkuma (o maior) e Korilakkuma (o menor) além de um passarinho, Kiiroitori. Os quatro vivem em um prédio estilo vintage muito aconchegante e desfrutam de uma rotina “familiar” quase perfeita. O interessante é que seus amigos são de pelúcia e não se comunicam por meio de palavras, somente por gestos e expressões.
A cada episódio conhecemos a relação entre as personagens e os conflitos que permeiam a vida de Kaoru, os quais são apresentados, muitas vezes, de maneira simbólica e metafórica, mas em outras, de forma direta e explícita.
Os ursinhos são bem fofos e têm personalidades próprias, além de serem bem presentes e importantes na vida de Kaoru. Rilakkuma é o maior de todos, é apaixonado por panquecas e dormir, além de ser o companheiro fiel da mulher adulta. Korilakkuma é bem fofa e sonhadora, já Kiiroitori é fascinado por limpeza e organização (ele é o mais racional dos três). Pensando bem, cada um representa uma parte de nós, seres humanos.
Embora o anime tenha um estilo bem kawaii (termo japonês para descrever algo fofo), a classificação indicativa de 10 anos demonstra que não é bem assim. Pois, embora tenha personagens e cenários que agradam o público infantil, ele trata de temas bem profundos como a solidão (que tanto Kaoru quanto o Tokio, uma criança que mora no apartamento abaixo, compartilham), depressão e baixa auto-estima.
Tudo, é claro, é tratado de maneira muito artística e simbólica, envolvendo muita filosofia oriental e ensinamentos populares que, em diversos momentos mesclam os limites entre realidade, sonho e imaginação.
Alguns episódios são mais pesados, como “Garota Fantasma”, o qual uma menina que morreu em um acidente ainda jovem aparece na casa de Kaoru e trata da questão de se libertar de coisas que nos prendem ao passado para seguir em frente.Ele é abordado de uma forma um tanto obscura, mas sem deixar de lado a linguagem poética e inocente (me lembrou bastante as obras produzidas pelo estúdio Ghibli).
Rilakkuma e Kaoru é uma daquelas animações que aquecem o coração de tão fofas, mas que também são capazes de nos levar a uma reflexão profunda sobre a vida. O complexo mundo do “ser vs ter” e do valor que damos às pessoas que nos cercam.
A primeira temporada já está disponível na Netflix e contém 13 episódios com duração média de 12 minutos cada. Espero que essa resenha tenha lhe ajudado a decidir sobre assistir ou não Rilakkuma e Kaoru. Se você já assistiu, o que achou? Deixe seu comentário que eu vou amar ler!
Tripulação, ancoramos por aqui. Nos vemos em nossa próxima aventura, até lá!
Por Agnes Rufino.