The Midnight Gospel (2020)

Se ouvir um bom podcast no Spotify já é uma boa atividade de entretenimento, imagina se pudéssemos anima-los e disponibilizá-los no stream de vídeos? Pois bem, esse sonho se tornou mais que possível com a nova obra prima da tia Netflix, Midnight Gospel.

Obra do criador de “Hora de Aventura”, Pendleton Ward, e de Duncan Trussell, conhecido pelo famoso podcast “Duncan Trussell Family Hour”, “The Midnight Gospel” é uma série original da Netflix que junta os dois meios de comunicação num contexto aparentemente bizarro, e nos permite ensinamentos inspiradores.

Apresento a vocês o nosso spacecaster, Clancy

A animação conta a estória de Clancy Gilroy, que apresenta um “Spacecast”, um podcast espacial em vídeo, que dá o nome da série. Dono de um simulador de mundos defeituoso, embora com uma qualidade magnífica, nosso apresentador se aventura visitando diversos planetas e coletando gravações para seu projeto.

As várias mudanças de forma de Clancy

Cada episódio conta a experiência de um planeta, onde Clancy, com sua forma mudada, escolhe alguém para entrevistar. Enquanto caminham diante de acontecimentos catastróficos – muitas vezes, diante do próprio apocalipse – os convidados debatem sobre os mais diversos temas, desde o uso de drogas até a existência e o exemplo de Jesus Cristo.

Para mim, que comecei a assistir simplesmente por gostar de animações e me sentir atraído pela imagem psicodélica da produção, soou um tanto perturbador, à primeira vista. Além disso, é um pouco difícil se concentrar nos diálogos suuuuuper calmos, enquanto o caos se instaura no planeta visitado. Acho que justamente por esses fatores, há quem diga que para entender bem os episódios é preciso assistir mais de uma vez, o que eu não fiz, confesso. A sinopse e o objetivo da série já parecem bem convidativos, até que você pesquisa mais e descobre que os áudios dos episódios são realmente parte de um podcast! Isso mesmo, todos os episódios gravados por Clancy foram retirados de conversas interessantíssimas de “Duncan Trussell Family Hour”, o programa que mencionei do início do texto.

Clancy, ou Duncan haha

Pendleton Ward, ao conhecer o podcast de Duncan, convidou o apresentador para conversar e propor um trabalho em conjunto. Entretanto o projeto levou um tempo para sair do papel, já que Ward estava muito ocupado com “Hora de Aventura”. Assim que teve o merecido descanso, os produtores se juntaram e começaram a obra prima que o resenhista aqui vos fala.

Desde o início de “Duncan Trussell Family Hour”, o apresentador convida especialistas em temas diversificados – sério, eles conversam sobre TUDO – para diálogos descontraídos e cheios de conhecimento. Os episódios, que duram cerca de duas horas, são reduzidos para durarem entre 20-30 minutos, permitindo que diálogos do desenho e novas piadas sejam inseridas.

Uma prova de que os áudios são do podcast é que muitas vezes Clancy é chamado de Duncan, o que é meio imperceptível diante da sabedoria dos diálogos e do absurdo da animação.

“The Midnight Gospel” é muitas vezes comparada com “Rick and Morty”, embora as propostas sejam quase opostas: O primeiro promove uma busca por autoconhecimento, enquanto o segundo percorre os desafios da ciência contemporânea. Comparado também com “Hora de aventura”, a série de hoje parece ser uma espécie de irmã mais velha da produção do Cartoon Network.

Sinceramente, é difícil comparar esta produção com qualquer outra, não apenas pela junção das duas principais formas de Streaming atual. As conversas inspiradoras e o debate nada metafórico de temas cotidianos e existenciais parece extremamente inovador. Se eu mesmo não economizo elogios para a produção, a crítica especializada concorda comigo. Uma avaliação de 90% no Rotten Tomatoes definitivamente não é para qualquer produção.

Misturando atualidades com questões da própria existência humana, “The Midnight Gospel” é quase uma animação sagrada, mesmo. Seja assistindo várias vezes cada episódio ou só se manter aberto aos diálogos deles, garanto que será uma experiência mista entre o estranho e o encantador.

“The Midnight Gospel” te convida para uma viagem interna, sem a necessidade de um simulador.

Diante do caos político brasileiro e de uma epidemia (que se espalha devido ao caos político brasileiro), nada melhor que uma experiência um tanto espiritual para manter nossas cabecinhas no lugar. Qualquer confusão é melhor que ligar o jornal, amigos.

Aqui está a dica da semana, hidratem-se e não deixem de conferir as mudanças no nosso blog.

Beijinhos,

6 thoughts on “The Midnight Gospel (2020)”

  1. Bizarro é a palavra. A premissa é muito boa e explora os mais diversos temas, até mesmo os polêmicos. Não assisti ainda, apenas acompanhei meu namorado assistindo e comentando (e espiei a explosão de cores nos episódios). Ainda quero assistir com mais calma esta série.

    1. Eu super te indico a ver, mesmo. A explosão de cores é fantástica e acompanham a calma dos diálogos. É gostoso de ouvir e de ver. Os temas também são super interessantes!

  2. Vou confessar que até hoje ainda nem assisti Ricky e Morty, sempre que tento começar a assistir acabo abandonando kkkkk, mas não custa tentar dar uma chance para Midnight Gospel, achei interessante!

    1. Rick e Morty é muuuuito bom, mas pode parecer com coisa demais para processar, né?
      Como eu disse, vale a pena ver Midnight Gospel, é uma viagem quase contrária, o pessoal só compara porque ambos são beeeem diferentes da maioria dos desenhos. E são igualmente bons!

  3. Estampado Nos Livros

    Amei a curiosidade do filme ter ligação com o podcast! Amo essas curiosidades que vocês postam!

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