Comunidade II

No país da desigualdade
Nós o fazemos andar
Os filhos da comunidade
Nós temos o poder de fazê-lo parar

Um burguês
Jamais vai entender
Como é caminhar todo o mês
Numa via crúcis que lhe faz sofrer
Carregar sua cruz, assim como JC fez
E não pagar alguém que levá-la para você

Nós somos do morro
E ocupamos o asfalto
Para lembra-los do filho morto
Que sempre foi amado

Sua vida saiu pelo buraco causado
Pela bala de um soldado fudido
Corrupto, ladrão e assassino

Nossas crianças
Não eram monstros
Eles eram futuros doutores
Agora são atores
De uma estatística
Assassina e racista

Mas dos morros
Ouço o lamento vermelho
De fúria, raiva e orgulho

Do nosso sangue derramado
Escute bem seu burguês
Você será o próximo Luis XVI
Sua cabeça vai rolar
Seu sangue vai jorrar
E ninguém vai lhe ajudar
Porque nenhuma monarquia vai sobrar

6 thoughts on “Comunidade II”

  1. “ Um burguês
    Jamais vai entender
    Como é caminhar todo o mês
    Numa via crúcis que lhe faz sofrer
    Carregar sua cruz, assim como JC fez
    E não pagar alguém que levá-la para você“

    Impactante demais. Também e triste e pesado, por se tratar da realidade de nossa sociedade a anos, na qual a grande maioria das pessoas ignora e não fazem nada para mudar.

  2. Litera_amor1.0

    Poesia com conscientização. É uma pena que o racismo seja ainda uma questão tão presente. A realidade dos nossos irmãos negros me sensibiliza, doi na alma imaginar a descriminalização diária que sofrem ainda mais as vidas tiradas por “engano” porque pensou que era bandido

    1. Fernando Batista

      Obrigado pelo comentário Litera, é triste saber quantos jovens perderam sua vida por esse “engano”. #Vidasnegrasimportam

      1. Babih Bolseiro

        Opa, mais um poema na área. Admiro muito esse povo que tira as palavras das entranhas, bota no ar e deixa os leitores abismados com tanta emoção em poucos parágrafos. Tu retrata a realidade de um jeito tão direto e impactante. Curto muito! Obs: Espero que realmente chegue o dia que nenhuma monarquia vai sobrar.

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