Deuses Americanos (2017-) da Amazon Prime

Deuses existem e eu posso provar. Eles estão em todos os lugares, perto de seus fiéis e vivem como humanos, fazendo coisas incríveis. Não acredita nisso? Hoje vamos falar de uma série que tem elementos fantásticos e mundo real, revivendo o livro homônimo do escritor Neil Gaiman, famoso pela obra de Sandman.

“Deuses Americanos” teve sua primeira temporada lançada em 2017 e pertence ao canal StarZ, mas também está na Amazon Prime. A série retrata, de forma bem criativa, como seria a vida das divindades de todas as religiões. Vivem no mesmo país como seres humanos normais (ou quase normais) e que possuem habilidades ligadas as suas histórias.

Estas divindades estão em guerra com os que se proclamam Novos Deuses que são representados pela Mídia, Tecnologia, Globalização. No meio disso tudo, seres humanos normais continuam a viver, sem saber que divindades brigam por sua fé.

O personagem principal e improvável é quem mais acompanhamos, Shadow Moon (Ricky Whittle). Ele é um homem que se rendeu a praticar golpes até que fora preso e passou alguns anos na prisão. No dia de sua liberdade, Shadow descobre que muita coisa mudou enquanto esteve fora. Sua esposa, Laura (Emily Browning), morreu.

Só no mundo e sem ter o que fazer, ele aceita o convite de Mr. Wednesday (Ian McShane) para ser seu guarda-costas. Assim, começa a verdadeira história. Wednesday é um homem peculiar, persuasivo, de língua afiada, mentiroso, que paga bem e leva Shadow a uma viagem pelo país em busca de pessoas em diferentes locais e posições.

No caminho, Shadow conhece as outras “pessoas” que Wednesday quer conversar. Uma das primeiras é Mad Sweeney (Pablo Schreiber), um irlandês alto e forte que não para de beber, reclamar e sempre arranja briga assim como o fez com Shadow. Nessa caminhada pelo país e nos contatos que vão tendo, Shadow também é perseguido por pessoas que ele não conhece e que fazem parte do grupo dos novos Deuses.

A primeira temporada é uma grande descoberta para Shadow, que ainda não compreende quem são aquelas pessoas de fato. Muito menos os eventos que ocorrem em torno daquela viagem. O interessante é tentar descobrir quais divindades são representadas na série. Também ocorrem coisas estranhas na vida pessoal de Shadow, pois Laura voltou e está em busca dele atravessando o país.

Não deixando de lado a presença de alguns deuses que são recorrentes, como Mad Sweeney (Pablo Schreiber de Leprechaum), Mr. Nancy (Orlando Jones de Anansi), Mr. Ibis (Demore Barnes de Tot), Mr. Jaqual (Chris Obi de Anubis), Bilquis (Yetide Badaki de rainha de Sabá, uma deusa africana da Tradição Etiope, personagem do Livro de Salomão), se tem um panteão de alguns nomes que serão vistos na série e de muitos outros com aparições pontuais.

Já na segunda temporada, após vários embates com os Novos Deuses e visitas aos Deuses Antigos espalhados pelo país, eles recrutam divindades para a guerra contra os Novos Deuses da humanidade. É um conflito pela devoção dos fiéis e que pode definir o rumo dos seres humanos. Wednesday não possui tanto o apoio dos deuses antigos que não se interessam por mais batalhas e mortes. Porém, após incidentes de ataques dos Novos aos Antigos e baixas ocorridas, os deuses estão próximos de entrar na batalha. No meio disso, qual a importância de Shadow para Wednesday? O que ele tem de especial? Principalmente, que fim terá essa guerra?

Inspirado nas histórias dos livros antigos e das informações que possui sobre várias divindades, Neil Gaiman criou uma história recheada de elementos culturais que misturam o mundo dentro dos Estados Unidos.

Os deuses espalhados foram levados para lá pelas pessoas que saíram de seus países e se alocaram naquela terra. Eles precisam da fé e crença para ter poder. Almejavam pessoas dispostas a fazer sacrifícios e rezarem por eles através de: comida, oração, morte, sacrífico, datas comemorativas, produtos ou sexo.

A série tem muitos detalhes interessantes similares ao livro. Ambas versões possuem capítulos explicativos, que trazem resumos de como os deuses chegaram nos Estados Unidos e contam as histórias deles. Por vezes são tão interessantes que já valem o episódio. Um dos melhores é o episódio sobre Anansi e sua aparição no navio de escravos.

Outro ponto intrigante é a personalidade dos deuses, a interação entre eles e como é trabalhado no roteiro. Suas vestes, comunicação e respostas são um reflexo de quem são, o que podem fazer, de que lado estão e o que buscam. Não podia deixar de citar o quanto as habilidades aparecem com algum efeito ou algo inesperado, como elementos da natureza.

“Deuses Americanos” é uma série baseada em livro que teve a presença do autor durante a produção. Neil Gaiman até completou o que não deixou claro nas páginas. Criou todo um universo onde não há heróis e vilões, mas duas frentes brigando pelo mesmo objetivo e usando o que tem para isso. Se você já leu o livro, a série não deixará a desejar. Se ainda não leu, pode ser que alguns elementos fiquem incompreensíveis, mas calma, que serão trabalhados no futuro.