Graphic MSP (2012-)

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( fotografia por Duda Menezes – Book Addict )

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O Graphic MSP surgiu de um projeto em 2009, o livro MSP 50, que veio para comemorar os cinquenta anos de carreira de Mauricio de Sousa. Na obra contém personagens de Mauricio por 50 talentosos artistas brasileiros. Com o sucesso, vieram depois mais dois livros: o MSP + 50 (de 2010) e MSP Novos 50 (de 2011).

Desde 2012, a Mauricio de Sousa Produções, em parceria com a Panini Brasil  tem publicado a coleção Graphic MSP, sempre em 3 formatos: ebook, capa cartão e capa dura. Ao todo, já conta com mais de vinte e cinco títulos e outros mais em produção. 

Abaixo farei um apanhado das cinco melhores que li até agora. Tentarei convencer você, leitor, que, vale a pena ainda encarar nossa amada Turma da Mônica e que não é coisa de “criancinha”.

 

Bidu – Caminhos

Bidu foi o primeiro personagem criado por Maurício (foi o primeiro a ter uma revista própria também) e já nasceu na companhia do seu parceiro Franjinha. Então, o que foi proposto para Damasceno e Garrocho, foi recontar uma parte da história dos dois personagens que não havia sido explorada antes. A trama é simples, a história de como um garotinho encontrou seu melhor amigo, de como um cãozinho de rua encontrou um lar. Mas, ao focá-la no ponto de vista do Bidu, ganhou uma nova faceta.

 

Chico Bento – Arvorada

Em Arvorada, o clássico caipira criado por Maurício de Sousa, Chico Bento, é reinterpretado de maneira belíssima pelas mãos do talentoso artista Orlandeli. Nessa singela e graciosa história, aprendemos junto do protagonista uma das lições mais importantes da vida.

Este foi nosso primeiro choque ao ler “Chico Bento – Arvorada”, que encontramos uma mistura equilibrada de bom humor com alguns níveis de drama. Sim, drama daqueles de tirar algumas lágrimas. Os elementos que, no nosso caso, provocaram isso até que são comuns a muita gente. Primeiramente, foi a inserção de uma nova personagem, a Vó Dita, que o próprio Mauricio importou de sua vida particular para os quadrinhos, a qual inevitavelmente traz à tona memórias saudosistas de quem cresceu muito próximo dos avós. O segundo elemento é quase um personagem presente na HQ, o Ipê Amarelo, que tem uma importância intensa na trama.

“esta é a história de um menino (Chico Bento), uma anciã (Vó Dita) e um Ipê Amarelo”

 

Jeremias – Pele

Como diz o rapper Emicida na contra capa da HQ: “É no atraso e na ausência de nossa voz [a voz do negro] que os piores pesadelos se solidificam”. “Jeremias: Pele” é uma HQ que se faz presente e corre contra esse atraso. Um contundente “Exú nas escolas” a escancarar o racismo estrutural que determina os modos de perceber o negro no Brasil — modos que criminalizam, violentam, menosprezam, cerceiam e aprisionam. Da professora que sugere ao Jeremias (melhor aluno da sala) que seja um pedreiro na Semana das Profissões ao pai parado pela polícia a caminho de buscar o filho e que precisa apresentar a carteira de trabalho para provar que não é “vagabundo”.

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Tina – Respeito

Mesmo com um roteiro sem ação, centrado apenas no dia-a-dia de Tina, Torquato soube criar uma tensão crescente. Eu já sabia que RESPEITO era sobre vários assuntos ligados à mulher, mas também sabia que o ponto focal de maior destaque seria o assédio dentro do trabalho.

A edição já começa com as consequências e volta quatro meses no passado para explicar como se chegou até àquela situação. Tudo é construído com calma, sem pressa, criando no leitor uma expectativa e uma apreensão pelo que irá acontecer. Ainda mais que o nome da pessoa que comete o assédio é mencionado logo no início, mas Torquato só apresenta o personagem no clímax da história. Quando o faz, passa uma falsa impressão, junto com a parte inicial, antes de se voltar ao passado, que é revertida e cria uma enorme surpresa. É preciso ser muito competente para criar uma reviravolta com um material tão simples, mas nem por isso superficial. 

 “Tina: Respeito” é atravessado de feminismo e sequer precisa fazer uso da “palavra demônia”: a premissa básica—firme e inabalável—de igualdade, valor e sororidade acompanha as personagens sem didatismo e com uma naturalidade que vai incomodar muito macho-uó de direita e de esquerda.

Louco – Fuga

A trama construída pelo Rogério é tão non sense como uma história do Louco deve ser, mas não poderia ser mais repleta de significados. Com o pássaro, mantido refém pelos guardiões do silêncio, ele trabalha todo esse mundo criativo das histórias em quadrinhos. A história pode até ser do Louco, mas o que o Rogério faz é uma ode a todo o universo de histórias imaginado por Mauricio. É emocionante. Têm referências aos desenhos originais do Maurício e todos os novos desenhos das releituras das Graphic MSP: Piteco, Bidu, Turma da Mônica, Turma da Mata, Astronauta, Penadinho, Chico Bento, Turma da Mônica Jovem, Chico Bento Moço…. É impossível não ter uma sensação de conclusão das Graphic MSP, o que claramente não é já que um novo volume já foi lançado. Bom, mas ao menos podemos imaginá-lo como o fechamento de um ciclo bem-sucedido de publicações.

 

Espero que tenham se interessado por alguma das graphics. Todas elas, de um modo ou de outro, me tocaram. É uma leitura válida para quem quer quebrar o ritmo denso e, mesmo assim, ler algo que traz uma profunda reflexão. As obras que deveriam ser lida sim por crianças para aprenderem alguns significados desde cedo, mas ainda mais por adultos que querem fugir da barulhenta e cansativa vida e alcançarem um pouco de paz.

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Graphic MSP

Autores: Rafael Calça, Jefferson Costa, Orlandeli, Eduardo Damasceno, Luis Felipe Garrocho, Rogério Coelho, Shiko, Gustavo Duarte e mais.

Ano de Publicação no Brasil: 2012

Gênero: Graphic Novel

Editora: Panini

País de origem: Brasil

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