I Love Me (2020) da Demi Lovato

E aí, galera! Cá estou, mais uma vez, para falar sobre um novo lançamento de Demi Lovato.

Depois de renascer das cinzas com a balada Anyone (resenha aqui), que rendeu uma belíssima performance no Grammy, Demi lançou “I Love Me” – o primeiro single para o seu futuro sétimo álbum de estúdio, que ainda não tem nome definido.

Apesar de ser uma faixa animada, “I Love Me” não é uma música sobre superação. A canção não fala sobre como se ama ou como sente que superou as suas adversidades. Na verdade, expõe as questões que Demi lida, desde bulimia e problemas com a própria imagem corporal até a autossabotagem e como, em diversos momentos, ela é muito dura consigo mesma. E olha, são letras que a gente se identifica.

Ainda assim, a música traz esperança em seu refrão, o que pode ser visto pela frase “I wonder when I love me is enough”. Em português: “Eu me pergunto quando me amar será o suficiente”. Apesar de todos os problemas, Demi espera por um dia em que ela irá se amar.

Em uma entrevista para Ashley Graham, a cantora fala sobre como se amar é difícil, e que muitas vezes mentimos para nós mesmos quando dizemos que nos amamos. Mas o amor próprio é construído com o tempo, não podemos simplesmente nos amar de um dia pro outro. Isso seria pular etapas. Sabe qual a primeira etapa? Se aceitar. A Demi tá quase virando uma coach aí kkkk.

Antes de se amar, devemos reconhecer nossas falhas e nossas limitações, lidando com elas. A busca pela auto-aceitação é o primeiro passo para a construção do amor próprio. É exatamente sobre isso que “I Love Me” fala.

Sobre a sonoridade da faixa, “I Love Me” é um animado pop e R&B – com umas batidas de trap -, que alterna entre dois tipos de produção: uma mais simples e calma, e uma outra com batidas fortes e contagiantes.

Uma curiosidade: a faixa foi produzida pelos mesmos produtores de Sorry Not Sorry (2017) de Demi, talvez você note alguma similaridade na vibe.

O refrão de “I Love Me” inicia com peso e animação, parecendo um hinão daqueles de bater palma em um show, mas muda para uma produção simples – como a do começo da música – do nada. Essa alternância entre as produções acontece outras vezes no refrão, o que pode gerar uma estranheza ou quebra de expectativa na primeira vez em que se escuta a faixa. Esse pode ser um ponto negativo para algumas pessoas. Contudo, essa alternância pode ser explicada pelo fato da parte animada iniciar com letras que abordam problemas de Demi, dando um ar de uma revolta consigo mesma:

Oh, why do I compare myself to everyone?
And I always got my finger on the self-destruct

Em português:

Oh, por que eu comparo mim mesma com todo mundo?
E sempre aperto o botão de auto-destruição

Em seguida, a queda brusca para a produção simples tem como letra o verso já apresentado: “Eu me pergunto quando me amar será o suficiente”. O ar de revolta se torna um ar de reflexão, por isso que o instrumental deixa de ser “agressivo”.

Nem preciso dizer que a música conta com vocais incríveis, né? Já é o esperado de Demi, que vem se consolidando como uma das melhores vocalistas do pop de sua geração. Não falo isso só por ser fã, mas devido à grande quantidade de produtores musicais que já afirmaram o mesmo.

Em relação ao clipe, há uma divisão de dois momentos. O primeiro momento tem Demi em seu quarto interagindo com duas versões de si mesma: a boazinha e a má. Em seguida, ela briga com o seu lado negativo – literalmente briga, bem estilo luta livre. Isso tem relação tanto com a paixão que a cantora tem por luta (ela faz jiu jitsu), como também, pelo verso da música, que mostra como às vezes somos os nossos piores críticos:

I’m a black belt when I’m beating up on myself

Em português:

Eu sou faixa-preta quando estou me atacando

O segundo momento do clipe mostra a cantora saindo de casa e seguindo um caminho pela ficcional Rua “I Love Me” – se amar é realmente um caminho, né? -, onde aparecem múltiplas referências ao passado dela. Algumas delas:

Aqui está a capinha oficial do single

1 – uma representação de Demi criança com sua mãe e irmã em busca de audições pela cidade.
2 – uma referência a Demi andando com vários guardas nas ruas com um visual da turnê Future Now, enquanto promovia o seu álbum “Confident” (2015).
3 – uma banda de adolescentes na calçada que são idênticos – aparência e roupas – à Demi e aos Jonas Brothers em 2008, no filme Camp Rock.
4 – três homens andando em uma direção contrária a dela, que representam os Jonas Brothers atualmente e como agora ela segue um caminho diferente ao deles, mesmo que tenham começado juntos.

 

Depois aparece uma ambulância, que está levando uma mulher em uma maca, e Demi toca o braço da mulher, dando um breve conforto para a paciente. Essa referência me bateu forte, até marejou os olhos. Para quem não sabe, a cantora sofreu uma overdose em julho de 2018, que quase a matou.

Há uma imagem de um casal de noivos atravessando a rua correndo, o que é uma referência ao casamento Wilmer Valderrama, ex-namorado de Demi. Inclusive, em seu documentário “Simply Complicated”, a cantora fala sobre como ela ainda o ama, mesmo após ao fim do relacionamento. Por fim, o vídeo mostra ela se juntando aos seus melhores amigos, a rapper Sirah e o ator Matthew Scott Montgomery.

O caminho pela vida de Demi representado no clipe pode deixar qualquer fã nostálgico e orgulhoso, mas também ansioso pelos novos lançamentos da cantora em sua nova Era. Para encerrar essa resenha, deixo esses versos da faixa:

I’m my own worst critic, talk a whole lot of shit
But I’m a ten out of ten even when I forget
Em português:
Eu sou meu pior crítico, falo um monte de merda
Mas eu sou dez de dez mesmo quando eu esqueço

Às vezes, podemos ter raiva de nós mesmos ou podemos nos esquecer de nossas incríveis qualidades. Porém, assim como Demi mostra na letra da música, somos todos 10/10, mesmo nos nossos piores dias. Vamos seguindo esse caminho de amor próprio, que sei muito bem que não é fácil, mas é possível e vale a pena.

Boa sorte na caminhada de vocês e tenham um ótimo dia! :3

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