O romance Little Women (traduzido como Mulherzinhas aqui no Brasil) já foi diversas vezes adaptado para o meio audiovisual. No natal de 2019, estreou a 5ª versão cinematográfica da obra dirigida e roteirizada por Greta Gerwig. No Brasil, o filme, cujo nome foi traduzido como Adoráveis Mulheres, estreou em 9 de janeiro de 2020. A obra conta com um elenco que definitivamente chama a atenção e uma premissa que pode ser curiosa para alguns e entediante para outros, ou os dois.
Acompanhamos as histórias das amáveis irmãs March durante o período da Guerra Civil nos Estados Unidos. Apesar de terem personalidades completamente diferentes, elas vencem o desafio da convivência ao notar que devem nutrir o amor que possui umas pelas outras e vemos a evolução de adolescentes até a vida adulta.
Jo March (Saoirse Ronan) tem o arco condutor de toda a narrativa. Ela é responsável e dedicada à família, muito inteligente e questionadora. A protagonista interpretada com excelência pela atriz irlandesa anseia por romper com padrões, estereótipos, convenções e tradições para poder experimentar a sua vida com o máximo de liberdade. Na escrita de contos e novelas, Jo encontra sua verdadeira paixão. Com Theodore “Laurie” Laurence (Timothée Chalamet), a personagem descobre e vivencia uma amizade com sentimentos ambíguos e conflitantes.
Em paralelo, Meg (Emma Watson) é a mais ingênua, sonhadora e vaidosa das irmãs. Amy (Florence Pugh) tem talento para pintura e desenho, uma personalidade doce, porém egoísta, preocupada com as aparências e detentora do desejo de ascender socialmente. Já a caçula Beth (Eliza Scanlen) é uma exímia pianista, amorosa, tímida e a mais gentil da família. O relacionamento das quatro é marcado por uma sororidade que ultrapassa as barreiras da irmandade construída a partir de laços consanguíneos.
O segundo voo solo de Gerwig (também conhecida como mulherão da porr*) na direção é ambicioso na medida em que ela escolhe e é escolhida para adaptar um clássico da literatura estadunidense. “Little Women” é um romance escrito por Louisa May Alcott e publicado em dois volumes entre os anos de 1868 e 1869. No entanto, a diretora faz um trabalho muito bom ao retratar os acontecimentos de forma não linear, dando um ritmo mais dinâmico para a história. Podemos observar como é cuidadosa em seu trabalho porque há uma preocupação em colaborar para que o telespectador seja capaz de entender o que está sendo contado. Além da direção, temos como ponto alto a fotografia e o figurino (que, inclusive, venceu o Oscar da categoria).
Na fotografia temos cores que saltam aos olhos durante os flashbacks, passando o sentimento de felicidade e nostalgia nas lembranças e, por isso, é mais gostoso de assistir. Em contrapartida vê-se cores mais apagadas e tristes para cenas no presente já que as irmãs se encontram separadas e uma está doente. O figurino é responsável pela imersão na atmosfera de tempos passados com vestidos pomposos, coloridos e harmoniosos, independente da situação há sempre um certo estilo presente.
O elenco é um dos trunfos de Adoráveis Mulheres, Saoirse Ronan, trabalhara em Ladybird. Além de outros já citados, temos Meryl Streep (como Tia March) e Laura Dern (como Marmee March). Tendo sido o principal motivo de termos assistido ao filme, esperamos encontrar atuações dignas do Oscar (ou ao menos próximo disso). Entretanto, nos deparamos com algo bem “ok”. Nos momentos felizes, nós somos capazes de nos divertirmos com elas, no entanto, nos de tristeza, não fomos tão fisgadas assim.
Finalmente para a parte negativa do filme, o roteiro, o texto facilita o trabalho dos atores, recheado de diálogos simples, mas com um subtexto que só funciona graças às atuações. Por se tratar de uma adaptação, aqui não havia muito o que se fazer, é uma história mediana sem muito o que contar além de dilemas típicos da época como a necessidade inerente à mulher de encontrar um marido e ter filhos. Há um debate interessante sobre machismo dentro da perspectiva de uma das irmãs, mas é só isso mesmo. De resto é um romance meio dramático com um galã (que sempre tem) no meio da história.
É um daqueles filmes que é bom para passar o tempo, mas depois que entende o que vai acontecer no fim, perde o único elemento que nos faz querer assistir: a curiosidade. O ponto alto em Adoráveis Mulheres foi a maneira como a história foi contada, e só.
Adoráveis Mulheres, apesar de seus pontos baixos, acaba sendo uma declaração de que, seja em 1800 ou em 2020, mulheres ainda precisam gritar que, nas palavras da protagonista, elas possuem mentes, alma, ambição e talento, mais que apenas corações e beleza. É um filme forte e sensível. Simples e sofisticado.
O público alvo são os amantes de romance de formação. Vale ressaltar a maneira como o feminismo era tratado na época, que mesmo moderado, já era uma pauta digna de ser evidenciada. A força feminina é, de fato, motivadora.
Façamos as palavras do crítico americano Peter Debruge em seu artigo para a Variety, as nossas:
Se cada geração merece sua própria adaptação de Mulherzinhas, Greta Gerwig executou com mérito uma adorável, embora estranhamente não linear.
E vocês, concordam ou discordam de nós? A história fisgou vocês? Teve algum aspecto do filme que se destacou para vocês e nós não citamos aqui? Nos contem o que vocês acharam do mais novo trabalho da Greta.
Que legal…!!
Esta foi uma visita excelente, gostei muito, voltarei assim
que puder… Boa sorte..!