Locke&Key (2020-) Netflix

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“Locke&Key” é tipo aquele conhecido ditado popular: nadou, nadou e morreu na praia. Ou melhor, está agonizando. Porém, merece o benefício da dúvida se houver uma segunda temporada. Então, joguemos a boia salva-vidas, porque “pelo andar da carruagem” — vai mais um ditado aí — a série irá precisar.

A chave para todos os mistérios está nessa resenha, então vamos a ela: “Locke&Key” é uma adaptação da HQ homônima escrita por Joe Hill e desenhada por Gabriel Rodriguez, mistura de fantasia e terror, repleta de referências aos clássicos desses gêneros. A trama começa quando uma jovem viúva, mãe dos irmãos Locke, muda-se para Massachusetts. A ideia é recomeçar, morando na velha mansão da família do marido, Rendell, brutalmente assassinado. Aliás, um dos pontos fortes da série é justamente esse: a caracterização do casarão é sensacional!

Não demora muito, o caçula descobre uma porção de chaves misteriosas que levam a praticamente todos os lugares exóticos, como entrar na própria cabeça — minha chave preferida — até transformá-lo em fantasma! Logo os outros irmãos adolescentes embarcam na perigosa aventura, já que uma espécie de demônio em forma de gente precisa das chaves para literalmente se libertar do fundo do poço — prisão mágica — e conseguir poder.

Impossível não fazer comparações com outras séries e filmes como “Stranger Things” e “Crônicas de Nárnia”, rendendo, inclusive, uma cena divertida na própria “Locke&Key”. No entanto, ainda que eu mesma não conheça a HQ, a produção tem alguns problemas, conforme relatei inicialmente, capazes de minar a confirmação da segunda temporada: alguns atores como a mãe e o irmão mais velho parecem perdidos e sem força para sustentar os personagens, além de inviabilizarem a química com o restante do elenco. Não sei dizer se isso é culpa da interpretação, do roteiro, que a bem da verdade força muitas situações que não convencem de jeito nenhum ou se é uma inconveniente mistura dos dois.

A “demônia” Dodge, muito bem feita pela Laysla de Oliveira — a atriz possui ascendência brasileira, estampada não só no físico como na interpretação — também não se conecta nem mesmo ao garoto, Bode Locke, que faz direitinho o seu papel. A personagem é o terror da trama, mas acaba virando um peixe fora d’água em meio aos irmãos e amigos adolescentes; além da mãe alcoólatra que não sabe se vai, se fica ou se compra uma bicicleta! Simplesmente não há encaixe entre os gêneros terror e fantasia, parece que assistimos a duas séries distintas ao mesmo tempo.

Contudo, a criatividade da produção dando vida ao mundo fantástico das chaves mágicas, permite mais fôlego para que possamos assistir a primeira temporada até o final. Incrível!

Disponível na Netflix, te desafio com um baldão de pipoca+guaraná, ajudando a digerir todos os episódios de “Locke&Key” e depois vir correndo aqui me contar!

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