O Rio

Um dia sonhei
Naquele chão cavei
As mãos tocaram a terra
Rasgaram seu ventre

No ida e volta
Do comer das unhas
A água sai do esconderijo
O líquido vinha falar comigo

E do milagre, o buraco se abriu
Da boca de gaia, o mar subiu
E eu caí no fundo
Como Ícaro, me fiz de mudo

A correnteza me prendeu
Banhou e me transformou
A água no meu coração entrou

Entendi que somos água
Dela fazemos nossas flores
Do solo, plantamos a vida

No grande rio da vida
Corre no silêncio
Da casa verso do dia
Que se cruza e se transforma

E beber da água
Faz lembrar-me
Que ela não é mais importante
Que a terra pisada
Sustentadora dos sonhos
Dos desejos e dos homens

Segura a força do rio
O molda
Guarda sua vida
E depois o solta
Livre nos ares infinitos
Da vida, eu, embriagado
Saí caminhando, morgado
Ali, a vida para mim
Tinha começado.

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