“Outros jeitos de usar a boca” (título original “Milk and Honey”), trata-se de uma antologia de poemas, prosas e ilustrações escritos pela indiana Rupi Kaur. A autora é uma famosa instapoem – termo designado aos que publicam poemas no instagram -. Em seus poemas, a autora trata de assuntos como feminismo, sexualidade, abuso, relacionamentos, inveja, compaixão, vida.
Nascida em 05 de outubro de 1992 na Índia, a família de Rupi migrou para o Canadá quando ela tinha apenas 4 anos de idade. Hoje, aos 25 anos, a menina é um destaque mundial e tem sido muito apreciada por leitores brasileiros também. Não é difícil entender o porquê.
Além da jovem abordar assuntos muito pertinentes aos dias da atualidade de mulheres têm lutado por igualdade e respeito ao seu corpo e sexualidade, Rupi não tem medo de externar e perscrutar esses temas. Como mulher, foi muito fácil me ligar aos seus sentimentos tornando-os meus, em alguns casos.
Este livro é curto, de apenas 208 páginas. Muitos de seus poemas e prosas são curtinhos e o livro também tem diversas ilustrações. Dá pra ler em apenas algumas horas. No começo, estranhei um pouco, pois sabendo que se tratava de um livro de poemas, esperava por algo no modelo mais clássico – até por que eu não sabia que se tratava de instapoem. A linguagem é bem direta e de fácil compreensão. Particularmente, este é um motivo por eu não ter morrido de amores pelo livro quando gosto mesmo é de um jogo de palavras bem elaborado que brinque com múltiplos significados. Achei muitos dos poemas e prosas bem simplórios nesse quesito. Além disso, alguns poemas e prosas não me tocaram tanto assim, o que eu acredito ser normal de acontecer. Resumindo achei alguns poemas bem bacanas, outros não achei tão legais assim.
Enfim, apesar de achar que a autora aborda temas bem pertinentes e condizentes com o movimento feminista, e ter achado isso muito bacana e ter até me identificado com parte desses poemas, não achei nada de sensacional na sua forma de escrever. Ainda assim, recomendo a leitura! Acredito que seja importante falarmos sobre todos esses assuntos que a autora aborda – muitos deles assuntos bem sérios – das mais diversas maneiras. Me faz feliz esse livro ter alcançado tantas pessoas como tem alcançado. Compreendo que a linguagem mais simples que não me agradou tanto, foi também responsável por esse alcance.
A solidão é um sinal de que você está precisando desesperadamente de si mesma.
Recomendo para qualquer pessoa que queira uma leitura simples, bonita, com significados profundos preparados para serem lidos paulatinamente, quem sabe, antes de dormir como livro de cabeceira. Que é o que a minha edição vai se tornar.
CURIOSIDADE:
Os poemas de outros jeitos de usar a boca são escritos sem vírgula e inteiramente com letras minúsculas. Rupi Kaur escreve assim, como forma de homenagear a escrita punjabi.
No punjabi não há distinção entre letras e há apenas pontos finais. É um mundo dentro de um mundo, exatamente como eu sou, sendo mulher e imigrante. É menos sobre quebrar as regras do inglês e mais sobre usar minha própria história no meu trabalho. Diz a autora.