Para quem pensa que aqui no Brasil o que se produz com qualidade, em se falando de entretenimento, não passa do mundo das novelas, concordo até a página 2! Claro que, em termos de volume produtivo, as soap opera, como são conhecidas no restante do mundo, ainda lideram com folga.
Porém, a criação de séries no formato de temporadas começou de mansinho com pequenas produções no canal a cabo GNT; entre elas a apimentada “As Canalhas” e “Questão de Família” com o talentoso Eduardo Moscovis. Quem não se lembra de “A Grande Família” e “Os Normais”, apresentando a dupla impagável, Fernanda Torres e Luís Fernando Guimarães? Sendo essas últimas produções Globais, restritas a este canal.
Sentindo a boa resposta do público para esse tipo de entretenimento, digamos assim, como também, a promessa do avanço cada vez mais voraz dos streamers; seria natural que a produção de séries nesse estilo, aumentasse consideravelmente e é exatamente o que está acontecendo.
Com base nisso, vale a pena indicar, na minha opinião, ao menos 3 séries brasileiras que estou assistindo e não perdem em nada para produções estadunidenses: roteiro, atuação e produção de primeira, podem acreditar!
Hoje a bola da vez é a intensa, para dizer o mínimo, “Sessão de Terapia”. Lançada em 2012, teve 3 temporadas consecutivas, ficou em hiato por 5 anos e acabou de voltar com a 4ª temporada. Ambientada em um consultório terapêutico, a série tem um formato de “agenda”, o qual cada episódio apresenta o dia, a hora e o nome do paciente. Desde a abertura até o fim de cada capítulo, sentimos a profundidade e a complexidade do que nos levaria a solicitar a ajuda de um profissional, quando nada mais parece funcionar para resolver o problema em questão.
Muito além dos estereótipos e preconceitos sobre fazer uma terapia, a trama desconstrói julgamentos antecipados do que é ou não considerado um sério problema. Ela também nos convida a uma viagem para dentro de nossa psiquê, com cada personagem que entra no consultório e senta no divã em frente ao terapeuta. Na maioria das vezes, usando as máscaras de sempre e ainda que lá esteja “pedindo ajuda” se recusa terminantemente a abandoná-las!
Impossível não se identificar com ao menos um deles. O próprio profissional é mostrado na série como alguém comum que em nada difere de seus pacientes. Ele também se consulta com um “supervisor” e luta para largar seus medos, suas máscaras, seus segredos mais profundos, tentando aceitar e compreender tudo o que carrega dentro de si.
A grande sacada de “Sessão de Terapia” é exatamente essa: sem perceber você acaba participando de cada sessão junto com os personagens.
Para quem curte o assunto, recomendo assistir a partir da 1ª temporada, mas se não quiser, pode começar pela 4ª. Cada temporada trata pacientes/personagens distintos, com suas estórias finalizadas. Houve somente mudança de terapeuta, sendo que nas 3 primeiras temporadas, o personagem era do ator José Carlos Machado (Theo). Agora, na atual, o papel ficou com o ator Selton Melo (Caio), que também dirigiu as primeiras temporadas.
E então?
Que parte sua você gostaria de apagar? Que parte sua é seu maior inimigo?
Theo – Terapeuta “Sessão de Terapia”