Teto para Dois (2019) de Beth O’Leary

Desde a sinopse, Teto Para Dois despertou minha atenção. Toda essa história de dividir a mesma cama tinha cheiro daqueles clichezinhos românticos que tanto amo na hora de intercalar leituras. Entretanto, a história vai muito além disso.
A obra conta a história de Tiffy e Leon  ela, uma editora de livros e ele, um enfermeiro . Quando o namoro de Tiffy e Justin termina, ela precisa procurar outro lugar para morar, afinal de contas, o apartamento onde os dois moravam era de Justin. Pra piorar, ela tem uma dívida enorme a pagar para ele. Do outro lado, Leon precisa de uma renda extra para resolver alguns problemas familiares. Assim começa a nossa história: Leon oferece uma vaga em seu apartamento para alguém “dividir a cama” com ele, porém, em horários alternados – ele trabalha no turno da noite, então a pessoa poderá dormir na cama à noite e ele dormirá durante o dia. Preciso falar que Tiffy vê esse anúncio e aceita essa proposta inusitada?

Estou começando a achar esquisito o fato de sermos amigos sem nunca termos nos encontrado. E é exatamente o que sinto: que somos amigos.

Mas nem só de romance fofinho vive Teto Para Dois. Aos poucos, Tiffy vai se dando conta que seu relacionamento com o ex era extremamente abusivo e tóxico. Já da parte de Leon, ele move mundos e fundos para tentar provar a inocência de seu irmão mais novo, que foi condenado injustamente. É de se pensar que, com esses assuntos, a história ficaria pesada, mas não; Beth trata os dois – principalmente da parte de Tiffy – de forma bem leve e delicada.
Encontrando apoio um no outro, é maravilhoso acompanhar tanto Tiffy quanto Leon sair de seu casulo. Tiffy por conta do seu processo de reavaliar seu ex-relacionamento e o quanto ela sofreu, como também, foi manipulada. Leon pelo fato dele ter se acostumado a uma rotina, além de ter medo de mudanças.
Destaco também os personagens secundários. Dando todo apoio a Tiffy e querendo sua felicidade, temos Gerty, Mo e Rachel. Apesar da sua condição, Richie é um cara de personalidade tranquila e é a rocha para Leon não desistir de seu caso. Os quatro são peças importantes na vida de Tiffy e Leon, como também, creio que eles não teriam evoluído  tanto como pessoa quanto como casal  sem as pequenas interferências deles.
O que me fez tirar nota do livro foi a escrita. Demorei uns três capítulos para me conectar com a história. Para mim, a parte narrada pelo Leon é bem estranha, porque é assim:
“Fulano: …”
“Fulano falou, irritado: ….”
Parecia que eu estava lendo um roteiro de uma peça de teatro. E, também, faltou mais riqueza de detalhes, a autora não descreve o cenário no qual o personagem estava, nem se estava de manhã ou à noite (o que era importante para a história), isso acabou deixando a narrativa rasa.
O arco da trama em torno do antigo relacionamento de Tiffy é interessante e mergulha em algo um pouco mais sombrio do que o esperado para um livro desse gênero. Inicialmente, fiquei preocupada com o fato da autora usar esse tópico apenas como um pano de fundo, não algo a ser explorado. Para minha grata surpresa, Beth O’Leary consegue explorar muito bem a questão do gaslighting.
Tiffy e Leon são personagens que me conquistaram desde o primeiro momento. Quem acompanha os romances contemporâneos sabe que os mocinhos tendem a ser milionários, playboys e um pouco babacas. Leon é completamente ao contrário. Ele é fofo, humilde e extremamente compreensivo. Já Tiffy é uma força da natureza, por onde ela passa nada fica igual. Talvez isso seja resultado do seu cabelo ruivo, quem sabe.

Você é minha casa. A cama, o apartamento… só se tornou minha casa quando você apareceu, Tiffy.

Recomendo fortemente a leitura esse é um livro muito inteligente, com uma narrativa viciante e com personagens maravilhosos. Esse é um daqueles livros que tem tudo para ser previsível, mas não é.  Tenho certeza que não irão se arrepender.

 

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