Em 1976, estreou nas emissoras americanas uma série que prometia pouco: um grupo de mulheres espiãs e altamente treinadas que realizavam todas as missões em prol de uma organização não governamental pelos territórios do Estados Unidos lideradas por Charlie, um homem que apenas se comunicava com elas através de rádio.
Nessa primeira parte, estamos falando dos anos 70 então não é difícil imaginar o porquê da franquia ter fracassado após cinco sofridas temporadas: os personagens eram extremamente marcados por estereótipos (só vê uma delas que era a “loira ingenua”). Com esse péssimo plot, tínhamos início a uma produção conhecida como “Charlie Angels” que no brasil ganhou o nome de “As Panteras”. Um péssimo nome, que em 2019 não dá sentido a uma das marcas do filme. Mas falemos disso mais pra frente.
Em 2000 e 2003, bebendo da premissa da série, a Columbia Pictures em parceria de outras produtoras fez duas versões para as telonas do mundo, trazendo nomes conhecidos para o trio de protagonistas: Lucy Liu, Drew Barrymore e Cameron Diaz, mas uma direção muito fraca que, ao meu ver, se preocupava muito mais em dar foco no corpo feminino do que impor uma direção que levasse o que as Angels (por favor, não vou chamar elas de “Panteras”, Angels é muito mais apropriado e você vai entender porque) realmente representavam.
O enredo era muito mais ousado e apostava em plots um pouco mais bem elaborados que o material de 1970, coreografias de lutas melhoradas, porém ainda sim era apenas mais um filme de espiões com as personagens estereotipadas do mesmo jeito. O problema até então, talvez (e aqui entra o dedo do tio Asan) esteja justamente no fato de que o “back end” desses filmes sobre personagens femininas (e porque não feministas também) estarem nas mãos de homens. Inclusive acho que essa resenha nem deveria estar comigo, mas como eu vi o filme, vamos lá.
O ano é 2019, e mais uma vez aposta-se em beber de coisas antigas, dando uma repaginada dando caras novas. Dessa vez, uma ótima aposta.
Elena (Naomi Scott, Jasmine no filme Aladdin) é uma programadora chefe de um sistema novo de eletricidade que pode revolucionar toda a indústria, mas que não é ouvida sobre os riscos que tal tecnologia oferece. Mais testes e melhorias devem ser feitos, mas o tempo é colocado contra ela e a tecnologia é apresentada assim mesmo. Sob o desespero de vidas serem postas em risco, Elena procura ajuda de uma certa ONG e apresenta todas as informações necessárias sobre.
O problema é que alguém dentro da própria organização também vigiava a chefe de programação e sua tecnologia, começando assim uma caçada por ela. Elena então recebe a proteção de duas agentes, Sabina (Kristen Stewart, a eterna Bela de Crepúsculo) e Jane (Ella Balinska, uma novata ainda no cenário) com a adição de um Bosley (Elizabeth Banks, também dirigi o filme), o qual é um título dado aos chefes menores sob o comando do grande Charlie que controla tudo. As quatro juntas devem evitar que a tecnologia seja jogada no mercado, como também, descobrir quem é o traidor na equipe.
O filme respeita o antigo, mas apresenta o novo. Não é um reboot ou remake. É uma continuação. Por mais que o filme não toque diretamente nos filmes anteriores, é jogado em tela (com gosto de fanservice quentinho) várias referências claras aos filmes anteriores. Até mesmo quem não assistiu entende quem aparece.
Mas o filme não vive só de passado, dessa vez as personagens do trio principal não são como as antigas. Nenhuma das agentes (inclusive nenhum personagem desse filme) é dada como ingênua. Inclusive, nem são três agentes, são apenas duas e a terceira é a Elena que vai sendo inserida no meio das Angel’s apresentando a organização pela visão de quem conhece a franquia agora.
Outro ponto forte é que quem passa pelo filtro de estereotipagem dessa vez são os homens. Logo nos primeiros minutos de filme, temos um diálogo entre a Sabina e um alvo dela em que ela está disfarçada, onde durante a cena é bem nítido algumas expressões desagradáveis de se ouvir dele. Falas que obviamente as mulheres ouvem de nós homens.
Aqui quero abrir um espaço para falar de uma falha de “adaptação”. No Brasil o filme recebeu o nome de As Panteras, acredito eu, pelo significado do animal em comparação com as mulheres agentes. Nesse novo filme, esse nome não cola. Principalmente porque a marca da organização são assas de um anjo que elas tatuam na pele. Uma das falas é “você vai receber suas assas quando merecer” também não faz sentido quando pensarmos que no Brasil elas tem a representação do nome “pantera” e não “anjos”. Entre outros problemas que podem ocorrer durante o filme para espectadores mais atentos por conta de uma adaptação de nome. Ponto negativo.
O filme claramente tem um apelo feminino. É feito por mulheres para mulheres. Por mais que um detalhe o outro de um plot twisted do fim do filme tenha me incomodado um pouco, o filme é entretenimento no mais puro da palavra. Obviamente não é um filme super cabeça que você precisa ter cinco mil de QI para entender, entretanto, não é um filme para todo mundo.
Se você é daqueles que reclama de um bom tempero de “empoderamento” ou que procura defeito em tudo, recomendo que não assista. Mas se você veio e leu até aqui, chuto que pelo menos curioso com o filme esteja. Então, levanta a bunda da cadeira e vai assistir. Aproveita e leva a mãe, a namorada, a irmã… Levei minha namorada que subestimava o filme e ela saiu de lá adorando os personagens.
Não, antes que pense: o filme não é um “como cães e gatos” de sexos. Temos apresentações de homens que são Bosley’s também. Temos um personagem homem que trabalha com a Elena. oqual até se tornar par romântico de outra personagem mais pra frente. O ponto é que dessa vez, o filme realmente apresentou mulheres até melhores que muito 007 por aí. Elas são fortes, tem autonomia, sabem sim se impor. A Elena que era “apenas mais uma” vai aprendendo com elas que também pode. E você também, leitora!
Eu sou o valente Asan e a mim foi dada essa missão. LIBERTE-SE!!
OBS: Não esqueça de conferir a resenha da trilha sonora do filme aqui!
Nunca concordei tanto com uma resenha. Alguns efeitos ficaram estranhos, mas gostei o filme. Militou sim, arrasou também, representou demais! Adorei muito a Kristen no filme kkkkkk hilária
Foi uma ótima visita, gostei muito, voltarei assim que
puder..!