Volte para mim (2018) de Paola Aleksandra

Estava louca por esse livro, principalmente por ser de uma autora nova e brasileira. Paola escreve muito bem, no entanto me senti um pouco incomodada com alguns pontos do livro, o que atrapalhou um pouco a leitura e a sensação de arrebatamento para a história.
Neste livro, vamos conhecer a Brianna, uma jovem que nasceu e cresceu em Durham, na Inglaterra mas que sempre sonhou em visitar a Escócia, pois cresceu ouvindo as histórias que a mãe – que é escocesa – contava. Aos 16 anos por algum motivo que a princípio a gente desconhece, ela foge pra lá e deixa pra trás os pais, a irmã e o melhor amigo, Desmond, por quem ela nutria um sentimento além da amizade. Sentimento esse que era recíproco. O livro começa 11 anos depois com a Brianna retornando pra casa e tendo que lidar com as consequências da escolha que fez no passado.

— Está em suas mãos, sabia? A felicidade não depende de mais ninguém a não ser de nós mesmos. (…) Então, lembre-se, Bri: onde estiver, lute para construir sua própria felicidade.

O motivo da fuga da Bri não me convenceu muito, diante de todo o mistério e a demora para explicar esperava algo maior e de mais impacto. Penso que me colocando nos costumes da época talvez entenda o fulgor por ‘liberdade’ e construção da própria história e escolhas da Brianna. Ainda assim, não foi suficiente, parecia fácil de resolver bem rapidinho.
Pude perceber que cada parte da história foi bem pensada e pesquisada. Além do contexto histórico da Escócia e Inglaterra, a autora colocou na história sobre o surgimento da cadeira de rodas e o surgimento da doença Esclerose lateral amiotrófica (ELA) que datam em 1824 e que só foi relacionada com problemas neurológicos em 1874. No final, encontramos uma nota da autora falando sobre estes dois aspectos que fizeram parte dos estudos dela.
Agora vou falar sobre o que não gostei tanto e que me fez tirar uma estrela do livro. Logo no começo da história, sabemos que a Brianna precisou fugir por algum motivo e onze anos depois está de volta por conta da doença da sua mãe. O que me deu nos nervos foi o tal motivo. Não vou falar o que é porque ele só é revelado quase no fim da história, mas me irritei muito com a protagonista quando eu soube o porquê dela ter fugido e magoado todo mundo que amava. A atitude dela de uma garota mimada que sempre teve tudo o que quis. O pior era algo que estava nos planos dela, mas só porque seu pai queria, ela resolveu fazer birra. Também achei que Brianna foi muito covarde ao ficar tantos anos longe da família por um motivo tão besta. Ainda mais com a mãe podendo morrer a qualquer momento.
O trato com os funcionários também foi muito diferente do que sempre vemos em romances de época, se tratando de uma família com o título mais alto da aristocracia, exceto pela própria Família Real. Brianna e Malvina, sua irmã caçula, faziam as refeições na cozinha com os empregados da casa. Depois de ler centenas de romances de época, e sendo a Paola tão fã desse gênero, não consigo compreender o porquê de tanta coisa fora do contexto para aquela época. Para quê escrever um romance de época do século XIX e mudar tanto o comportamento das personagens para o que seria “normal” para aquele tempo?
Me diverti muito com os personagens secundários, que deram ainda mais leveza à história. Impossível não amar os irmãos mais novos de Des e até acho que eles merecem sua história também. A Malvina, irmã da Bri, me conquistou por completo. Quanto a essa personagem já até podemos esperar que vem história por aí, pois algumas coisas bem sutis ficaram no ar.
Agora o mais problemático: o casal. Cheios de rancor e  birras acabam deixando, a gente um pouco frustrados, pois é legal um casal “cão e gato”, mas quando tem diálogo e nesse caso não há. O Desmond provoca a Brianna, se comporta como um libertino às vezes e de repente já está jogando desaforos em cima dela. Ela é uma pessoa completamente infantil, se derrete com qualquer olhar que ele dá (sério, não parecem dois adultos próximo dos 30, e sim duas crianças !!!), e não faz ele dizer por quê não escreveu pra ela durante onze anos, e só vai deixando o tempo passar.
A capa é linda e combinou muito com o local da história. No início de cada capítulo possui um trecho de uma carta trocada no passado ou no presente. Possui alguns pequenos erros de revisão, entretanto isso não atrapalha a leitura.
De leitura leve, Volte para mim irá prendê-los a ponto de não verem a hora passar e ficarem tentados ler até o final, porém não é uma obra que pretendo reler.  Recomendo a leitura, aos amantes de romances de época que não vão se decepcionar.

 

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