A história que vou apresentar a seguir não é recomendada para pessoas que se interessam por finais felizes, flores e alegria. Felicidade é o que você vai menos encontrar por aqui. Este é um livro que conta os infortúnios e desventuras dos três jovens Baudelaire, cuja história não tem de jeito nenhum um final feliz, muito menos um começo feliz. É por isso que o autor deixa um aviso logo de cara caso você queira continuar lendo essas desgraças. Lembrando que ganhou filme e série (resenha aqui) inspirada na saga.
A história dos azarados irmãos Baudelaire começa cedo, perdendo os pais, a casa e a estrutura da própria vida em um trágico incêndio em uma cinzenta manhã. Como órfãos são obrigados a morar com o parente mais próximo (geograficamente, não consanguineamente), e acabam na horrível mansão do ator e Conde Olaf. Logo, percebem que a vida pode ser horrível, como também, vem seu tutor tramar para ficar com a fortuna deixada por seus pais.
Não há nada que o impeça de fechar o livro imediatamente e sair para uma outra leitura sobre coisas felizes, se é isso que você prefere.
A escrita é simples , pode se confundir facilmente com um livro infantil qualquer, mas o que você vê nas poucas 150 páginas é de um tom tão absurdo (nem tanto assim), que se tornou uma das mais realistas obras de ficção que já li na vida. O enredo adulto chega a ser ácido em algumas partes, bem fraco em outras, não há personagens que sejam perfeitos ou bons, todos são defeituosos e insistem nisso até o fim, sem melhorar. Por outro lado, o antagonista se mostra a verdadeira encarnação do mais puro mal.
A cada página, o sofrimento dos irmãos parece aumentar e Olaf começa a ordenar diversos trabalhos para as crianças, além de as ameaças constantemente. O homem parece ter olhos em qualquer lugar e não importa onde as crianças estejam, ele sempre está lá de alguma forma.
É o tipo de pessoa que se odeia do começo ao fim, não há resoluções e não há justificativas, muito menos chances de redenção, ele simplesmente é horrível . É tão bem estruturado, mas também tão ridiculamente simples que nos fascina e nos faz querer ver os limites que ele podem passar para atingir seu objetivo. Um dos maiores antagonistas que a sexta arte já criou, pena que não contra o adversário certo.
(…) conde Olaf tinha tatuada a imagem de um olho em seu tornozelo, igual à do olho em sua porta da rua. (…) e veio-lhes um pressentimento de que, para o resto de sua vida, estariam sempre se sentindo sob estreita vigilância do conde Olaf, mesmo que ele não estivesse por perto.
Lemony Snicket é o investigador que narra a história dos irmãos Baudelaire, ele consegue passar para o leitor de forma divertida todos os acontecimentos infelizes da história. Frequentemente, ao longo dessa aventura, o mesmo explica diversos significados de palavras ou analogias que o leitor pode não conhecer, já que se trata de uma série de livros direcionada ao público infantil.
É uma leitura curta e rápida, um ótimo livro para passar o tempo que recomendo a todos que desejam conhecer a triste histórias dos irmãos Baudelaire (Curiosidade: pronuncia-se “Bodler”, com e tônico e aberto como em “mulher”.)