Upload: Realidade Virtual (2020-)

Já pensou em como seria o mundo se as pessoas não morressem?
Melhor, já pensou o que seria da sua vida se você não morresse? A série “Upload” da Amazon Prime trata justamente sobre isso, sobre não mais morrer. Mas vamos com calma, ninguém aqui ficou imortal (ainda).

“Upload” tem como principal foco a criação num futuro não tem longínquo de uma tecnologia que permite as pessoas terem sua consciência transferida para o digital. Assim, mantém a personalidade daquele ser humano que antes estava vivo e o recriando em um mundo digital com um personagem em ambiente virtual e tudo mais (é tipo um The Sims com consciência das pessoas).

Essa imortalidade conhecida como Upload foi desenvolvida e é utilizada por empresas privadas que oferecem o serviço de criação dos ambientes digitais e de todo o suporte tecnológico que as pessoas quase mortas precisam. Claro, com um valor nada substancial.

É neste contexto que temos o personagem principal, Nathan Brown  (Robbie Amell) que sofre um acidente de carro e acaba morrendo. Assim, tem sua consciência transferida para um desses serviços privados de vida após a morte.

Neste novo ambiente, ele retorna sem todas as suas memórias e busca a adaptação para a sua nova forma de estar vivo. Perdido nesse novo mundo, Nathan tem inicialmente a ajuda de seu “Anjo”, nome genérico dado a pessoa do suporte ao cliente que representa a empresa de Upload e que fica controlando as funções e características do pacote de dados do morto-vivo.

Com o passar dos episódios se compreende que a morte de Nathan pode não ter sido tão acidental assim. Com a ajuda de pessoas que estão dentro e fora do Upload, Nathan passa a descobrir que algo está ocorrendo. Isso envolve as memórias que ele não consegue se lembrar. Especialmente nessa contribuição temos a pessoa de Anjo, Nora Antony (Andy Allo), que com o passar do tempo passa a ter um relacionamento que supera o serviço de suporte ao cliente e que pode gerar ainda outros problemas para os dois.

Outros personagens que acompanham a série são Ingrid Kannerman (Allegra Edwards), namorada de Nathan que sendo rica é a pessoa que o coloca no ambiente virtual em que Nathan está. Luke (Kevin Bigley), um ex-cabo do exército que está no ambiente virtual e se torna amigo de Nathan, assim como Aleesha (Zainab Johnson) seu anjo e amiga de Nora.

A série também nos convida a refletir como a chegada das novas tecnologias. Difere-se para cada camada social, pois não podendo pagar os preços cobrados pelas grandes empresas de upload, a maioria das pessoas não consegue fazer o serviço para os seus familiares e ainda os vê morrer. Nesse ponto, a discussão de classe sempre parece ser interessante para gerar um dos pontos de conflito, não é?

Ainda sobre a modernidade, a série nos ajuda a visualizar um futuro próximo onde os carros são autônomos, a vida virtual é real, a integração homem-máquina com pessoas possuindo seus próprios computadores em braceletes, além de mudanças na alimentação que passa a ser feita em impressoras 3D, podendo até simular pratos de grandes chefes. A representação dessas tecnologias é muito bem feita e nos aproxima da realidade em como isso poderá ocorrer.

No fim, “Upload” é uma daquelas séries de ficção científica que se confunde com romance e traz uma boa dose de novidades. Busca adivinhar, de forma mais pé no chão, como seria a humanidade e a relação entre humanos dentro desse novo contexto. Indico para quem gosta de um estilo curioso.