Juventude I

Meu grito de liberdade
Ecoa nas quatro paredes
Do meu pequeno mundo

Só queria ser livre
Voar por aí
Sem ser julgado por ninguém

Não ser preso
Numa gaiola de costumes
E me corromper com a dúvida
De quem eu sou?

Sou jovem
Tenho o sangue colorido
Sou negro, branco, amarelo e vermelho
Mas todos querem a minha cabeça
Por causa do meu jeito
Por causa do meu cabelo

Às vezes sei de tudo
Às vezes não sei nada
Busco o meu conhecimento
Beijando suas pernas
Bebendo do seu corpo

Só que em cada
Bendita curva
Não me vejo
Me perco

Depois me acho
Bêbado, estupefato
Mais perdido
Do que encontrado

Brinco de ser Deus
Do meu próprio mundo
Mas aqueles que estão de fora
Não me levam a sério
Pensam: ”olha a criança brincando de ser adulto”
Só pensam: ”eles são o futuro”


Não tenho voz
Não tenho corpo
Sou apenas um soldado
Do meu próprio desejo
Que marcha no relento
Busca por aí
Alguém legal para ficar
E quem sabe no final
Até poder transar
Mas sempre querendo
Atenção
Daquela garota,
Daquele garoto,
Que nem sabe
Quem eu sou

E no final
Dormir com a
Solidão
E pensar na Depressão de Todo dia
E no suicídio de Final de Semana

Será que é difícil
Ser assim todo o dia
Ter o meu inferno particular
E o meu paraíso público

Isso é ser jovem
É ser juiz e réu ao mesmo tempo
Mas…
Sonhar com a diferença
Caminhar com igualdade
É tudo que a gente quer
É tudo que a gente sonha
E é pedir demais?
Obrigado

8 thoughts on “Juventude I”

  1. Incrível como praticamente o poema inteiro me definiu, sinceramente eu odeio ser adolescente…
    Estou sempre dizendo “Peter Pan, por quê me abandonastes?” :/

    1. Fernando Batista

      Fico feliz que tenha se sentido tocada com o poema. Escrevi no final dessa época da adolescência, o vazio de não saber qual caminho seguir e ter tantas opções é o mais confuso dessa idade.

  2. Estampado Nos Livros

    Fiquei maravilhada com o poema e a profundidade dele! Fala sobre o que o mundo está passando, a busca da igualdade e da solidariedade!
    Me fez lembrar os poemas de um menino da minha faculdade, ele fazia bombons pra vender e junto com eles vinha um poema que ele escrevia todo dia! É muito legal! Parabéns pelo belo poema!

  3. Inferno particular nosso de cada dia, já nem sou mais adolescente, porém tudo isso continua servindo como um chapéu. São muitos pensamentos, questões, impasses e poucas certezas, afinal quem é que tem um caminho todo definido? Adorei o poema e acredito que há muito adulto por aí ainda com confusões na Depressão de Todo Dia.

    1. Fernando Batista

      Obrigado pelo comentário, e sem contar o peso que devemos carregar em saber tudo quando, na verdade não existe uma resposta.

  4. Litera_amor1.0

    Eterna crise existencial, com tanta indiferença ao nosso sofrimento, é muita pressão, ser jovem não é só ser o futuro, queremos igualdade. Poema forte que pareceu um drama adolescente e no fim mostrou um lado crítico e social

    1. Fernando Batista

      Muito obrigado pelo comentário, e essa eterna crise continua ainda atacando sempre a juventude, um dos efeitos colaterais da melhor época da vida.

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