Nós (2019)

 

Fiz uma lista dos filmes mais relevantes que assisti, sem sombra de dúvidas “Nós” (“Us”, no título original) está no topo da sequência. E se você não entendeu os negritos, assista o filme e releia este parágrafo. Vamos à resenha!

Após o sucesso de “Corra!” (2017), vencedor de “Melhor roteiro original” no Oscar de 2018, Jordan Peele produziu outro filme que debate questões como o racismo e a situação política estadunidense, desta vez de forma mais sutil. A produção conta com Lupita Nyong’o – presente em “Pantera Negra” e “Star Wars: A Ascensão de Skywalker” (resenha aqui) – como Adelaide Wilson e sua “clone”, Red. Seu esposo, Gabriel Wilson, é interpretado por Winston Duke, que trabalhou com Lupita em “Pantera Negra” e fez parte de outros filmes da franquia Marvel, como “Guerra Infinita”.

Por último, o filme conta com a participação de Elisabeth Moss -“June” na renomada “The Handmaid’s Tale” – como Kitty Tyler, amiga do casal principal. Confesso que qualquer papel diferente de June, como em “O homem invisível” (resenha bem aqui) soa estranha aos meus olhos. (E se você nunca viu THT, confere aqui os motivos para acompanhar).

O longa conta a estória da família Wilson composta pelos pais Adelaide e “Gabe”, e por seus filhos Zora (Shahadi Wright Joseph) e Jason (Evan Alex). Felizes, a família decide passar o final de semana na casa de veraneio dos pais de Adelaide, a fim do tão sonhado descanso.

Durante a noite, nossos protagonistas são surpreendidos por estranhos na porta de sua casa, parados como se aguardassem para o início de algo. Ao observarem seus espectadores, os Wilson descobrem a primeira reviravolta da produção: os “estranhos” são exatamente iguais a eles.

Trecho do Trailer
O filme é tão repleto de plots, que toda e qualquer informação além do trailer pode ser considerada um spoiler, e não quero irritar vocês. Diferente de “Corra!” que a crítica principal é escancarada, em “Us” é necessário estar mais atento – fazer uma pesquisa para conferir alguns detalhes – e assistir mais de uma vez, no meu caso.
“Nós” já começa impecável em seu trailer, me deixou com o desejo incontrolável de acompanhá-lo na estréia. Como lutar com uma versão macabra de si mesmo? Por que diabos existiria alguém idêntico a você, aguardando com uma tesoura afiada ou um taco de beisebol? Intrigante.
A produção não decepcionou, as expectativas do trailer foram mais que supridas após pesquisar sobre as loucuras que minha limitação não permitiu entender de primeira. Tudo tem um porquê e uma crítica, desde à imagem da tesoura dourada do trailer, até o versículo bíblico utilizado.
A atuação também não erra, principalmente a de Lupita Nyong’o que se divide entre Adelaide e Red, que de iguais só tem a aparência. Shahadi Joseph também faz um trabalho incrível como Zora e sua “antagonista”, Umbrae. Além do macacão vermelho, usado por todos os clones, as expressões são um destaque que necessita de aplausos. Os olhos beeeeem abertos e as feições assustadoras e psicopatas, que assustam sem precisar de armas.
Lupita como a assustadora Red
Lupita como Adelaide
As músicas, que contam com violinos desafinados e melodias desconfortáveis, semelhante a Hereditário (2018), facilitam o desconforto das cenas de terror psicológico. As filmagens que num primeiro momento comparam a visão assustada da criança com a do observador onisciente também merecem atenção.

Apesar de todas as aclamações técnicas, o melhor do filme ainda é o roteiro. Jordan Peele não deixa a desejar, nem no enredo em si, muito menos nas entrelinhas da trama.

Negro, o ator e cineasta aborda as questões sociais norte americanas na forma de verdadeiras obras de arte. Além disso, não peca na representatividade de seu elenco, cujos protagonistas são – e de acordo com o próprio, sempre serão – indivíduos afrodescendentes.

Mesmo não alcançado a repercussão de “Corra!”, que rendeu ao diretor a cifra de mais de 200 milhões só na estréia (Peele foi o primeiro diretor negro a alcançar esta marca) e quatro indicações ao Oscar, “Nós” foi altamente aclamado pela crítica (93% no Rotten Tomatoes) e pelo público em geral.

Duas curiosidades: a primeira, explícita até, é que “us”, além do pronome “nós”, também faz referência a “Unites States”, local do filme e alvo das críticas sociais f*das. A outra é que Peele também participou da direção de Blackkklansman: O Infiltrado (2018), cuja resenha está aqui.

Não consigo dar uma nota abaixo de 10 para esta obra, que conseguiu me assustar, rir, e refletir. Deixo aqui a minha SUPER sugestão para vocês.

Cuidado com os subsolos, espelhos e principalmente, com o próprio reflexo!

Até a próxima,

3 thoughts on “Nós (2019)”

    1. Ele foi muito aclamado, até hoje não sei porque não foi indicado como melhor roteiro original, mds

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