O que ficou para trás (2020) da Netflix

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“His House” é o primeiro longa do diretor Remi Weekes, produzido pela BBC e lançado pela Netflix. Remi também assina o roteiro, escrito em 2017. O filme estreou de maneira oficial no Sundance Film Festival em Janeiro de 2020 e pela Netflix no último dia 30 de Outubro. Até agora, o filme conta com uma aprovação de 100% no Rotten Tomatoes.

Acompanhamos a história de Rial e Bol, um casal de refugiados do Sudão do Sul. Depois de serem obrigados a deixar seu lugar de origem, eles vão para o Reino Unido, através de uma estadia temporária repleta de restrições. Enquanto tentam se adaptar a nova casa, eles percebem a presença de uma força oculta que passa a assombrá-los todos os dias.

A apresentação do contexto dos personagens até a chegada na casa é satisfatória. O uso da trilha sonora conversa bem com o que o filme quer mostrar na maior parte do tempo, com algumas ressalvas. As dificuldades de adaptação do casal e o terror como elemento principal não demoram a surgir em cena. Os sustos, a escuridão, os barulhos e os vultos são o foco dessa primeira parte.

Após um tempo é possível achar que a história vai por caminhos previsíveis. O filme pode passar a impressão de que esqueceram de desenvolver melhor os personagens ou de que apressaram cenas importantes antes da hora (puro engano).

O filme desenvolve os personagens sem nem parecer. Com uma virada poderosa, o porquê do filme se revela, de fato. Nesse ponto em específico a direção soube usar e abusar dos efeitos especiais e dos ângulos na principal sequência do longa. Wunmi Mosaku e Sope Dirisu, aliás, formam uma ótima dupla de protagonistas e abraçam os personagens em suas emoções.

A parte técnica do filme, em especial, a fotografia, é impecável e a montagem consegue brincar entre fantasia e realidade ao fazer as transições que nos levam aos sofrimentos e traumas do casal. O final pode ficar subentendido e cabem algumas interpretações. De todo modo, o roteiro se fecha e consegue unir drama e terror com harmonia.

Drama esse muito bem colocado através de cenas, ora subliminares, como quando Bol decide comprar roupas novas. Ou explícitas, como as interações com os funcionários do governo ou a própria vizinhança, pois todas falam de forma eficiente de temas como xenofobia e racismo. Se você curte um terror diferente do habitual, “O que ficou para trás” vai te surpreender e faz refletir ao representar horrores e traumas sob a ótica de uma realidade monstruosa.

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