Persepólis (2000) de Marjane Satrapi

Oi, meus sobrinhos! Preparados para mais uma resenha do tio? Espero que sim, pois hoje trago a vocês, a história em quadrinhos Persepólis, escrito e desenhada por Marjane Satrapi. Trata-se de uma autobiografia, exatamente como MAUS.

Marjane Satrapi desde muito cedo teve envolvimento com a política com ar questionadora, pensava e refletia tudo ao seu redor (aos meus sobrinhos mais astrológicos, ela é de sagitário). Nunca foi de aceitar o moralismo empregado por sua religião, ou valores tão estritos, portanto, sempre bateu de frente com mentes mais controladores, sendo que durante o tempo em que esteve no Irã, seus pais pediam para controlar sua felina língua, pois o país passava por uma disputa política fortíssima (crianças que gostam de história, o tio está falando da Revolução Iraniana de 1979). E, mesmo após a revolução, tendo vencido um governo muçulmano radical, a jovem se ateve mais ainda.

Entretanto, tendo uma essência questionadora, a jovem se põe a enfrentar e buscar suas liberdades. Por outro lado, seus pais com medo de represálias do governo à filha, resolvem a enviar para um exílio na Áustria. Assim, “protegendo” a garota, sem saber o que ela iria enfrentar por ser muçulmana e mulher.

Persépolis é muito interessante por mostrar a nós como era o dia-a-dia de uma garota vivendo em um país em guerra. Diferente de outras obras, cujas personagens principais sofriam a perseguição, devendo elaborar estratégias para fugas, aqui é diferente, a narradora comenta os efeitos da guerra nas pessoas, observa a prisão constante e aleatória. A morte sonda-a todo instante, levando pessoas próximas, ou seja, a torna uma “observadora”. Aí está algo interessante meus sobrinhos.

Mais um detalhe legal, vejam só crianças. Marji traz consigo uma característica questionadora, uma procuradora de liberdade, enfrentando as amarras que a sociedade impõe com muita maestria. Enfrenta, junto de um deboche imenso, cara de pau, mostrando que veio em busca de algo único seu. Além da procura pela liberdade, ela se mostra um ponto de luz, em um momento de total escuridão (visto que mulheres perderam sua liberdade, devido à ditadura do seu país), dizendo aquilo que todos estão afim de falar, mas não dizem por medo. Sim.

Tirando esses dois fatores, gente, o livro é rico em detalhes da história do Irã naquele momento. Claro, de forma resumida, mas permite vermos como as pessoas estavam passando, se tratavam e seguindo a obra. Também observamos de forma mais lúcida, o ataque sofrido por outras nações e como mencionado, a visão de uma garota que procura liberdade, curtir o máximo a vida enfrentando a morte a todos os momentos.

Nesse momento, é hora de fazer a indicação. Recomendo a todos que querem entender como uma garota que passou altos e baixos, enfrentou uma ditadura, conseguiu publicar uma obra sensacional. Além disso, para meus nobres sobrinhos, quem tiver curiosidade de perceber uma visão diferente do ocidente e do mundo iraniano, essa obra consegue lhe trazer essa perspectiva.

Pessoal, o tio vai ficando por aí. Abraços e lembrem-se: bebam água , comam verduras e leiam bons livros. Até a próxima resenha!

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